quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Fundamentalismo político de George W. Bush x Fundamentalismo Religioso de Bin Laden: necessidade de uma política de convivência, respeito e tolerância

Resumo: O presente artigo tem por finalidade abordar suscintamente, de forma prática e objetiva a questão de dois tipos de fundamentalismos existentes e predominantes atualmente no cenário político e religioso a nível internacional: o Fundamentalismo Político Norte Americano, representado pela doutrina do Presidente George W. Bush (Bushismo) e o Fundamentalismo Religioso Islâmico, defendido pelo terrorista Bin Laden (Jihad).



Atualmente, podemos nos deparar com vários termos presentes nos meios de comunicação, tanto no âmbito nacional e internacional tais como: “Doutrina Bush”, “Nova Ordem Mundial”, “Jihad” e “Fundamentalismo”.
Um dos mais freqüentes é o termo “fundamentalismo”. Mas afinal, qual é mesmo o seu significado? Para fins de esclarecimentos, vamos às origens do termo acima.
O termo “fundamentalismo” foi cunhado em 1915, quando professores de teologia da Universidade de Princeton publicaram uma pequena coleção de doze livros intitulados “Fundamentals: a testemony of the Truth”, algo parecido com “Fundamentalismo: um testemunho da Verdade”.
“A proposta de tal publicação era expor um Cristianismo extremamente rigoroso, ortodoxo, dogmático, contra toda a modernização na qual estava tomada a sociedade norte-americana” (Boff, 2002, pág. 12).
Após o fatídico 11 de setembro, pudemos enxergar o ressurgimento do termo “fundamentalismo” nos discursos do atual Presidente norte-americano, George W. Bush, contra os terroristas, representados pelo seu “arqui-inimigo” Osama Bin Laden.
De um lado, vemos George W. Bush, representante máximo da nação norte-americana, pregando sua doutrina política imperialista de uma “Nova Ordem Mundial”, agindo em “nome de Deus”, como se representante dele fosse, afirmando ser uma luta do bem contra o mal.
A expressão “Nova Ordem Mundial” foi utilizada pelo pai do atual presidente norte-americano, George Bush, e ficou incumbada até a posse do mesmo. De certa forma, somente após a ascensão de seu filho George W. Bush, é que tal palavra ganhou destaque em seus discursos e a partir daí passou a chamar-se “Doutrina Bush” ou “Bushismo”, adotando uma política de contra-ataque a todo tipo de ameaça terrorista iminente e possíveis inimigos.
Cabe neste momento refletirmos quais foram realmente os motivos que levaram os EUA a atacarem o Iraque. Se não nos falhe a memória, o motivo “aparente” foi a suspeita de fabricação de armas nucleares, que até o momento nada foi localizado.
Com a divulgação em massa pela mídia, do acontecimento de 11 de setembro, toda a população mundial ficou com os olhos voltados para aquela tragédia, gerando um sentimento de revolta contra os terroristas, subliminarmente classificados como terroristas todos os “islamitas” ou “muçulmanos”.

Daí, pode-se chegar à conclusão de que o “terrorismo é o maior inimigo dos EUA e, portanto, é legítima toda ação para destruí-lo”.
George W. Bush afirma em seus discursos que a luta é do bem (América) contra o mal (Terrorismo Islâmico). O seu projeto inicial de guerra se chamava “Justiça Infinita”, depois, com menos arrogância, passou a chamar-se de “Liberdade Duradoura” e termina suas intervenções com “Deus salve a América”, como se os EUA fosse o povo escolhido de Deus e que os ataques terroristas foram contra a humanidade e não contra a nação americana, na suposição de que eles são a própria humanidade (Boff, pág. 41).
De outro lado, podemos ver a retórica dos talibãs (estudantes de teologia) de Osama Bin Laden, arqui inimigo e rival dos EUA, pois acusam a nação norte-americana de “infiéis”, “pagãos”, “materialistas”, “antiéticos” e “belicistas”. Afirmam também que existe uma guerra santa (Jihad) entre o bem (Islamismo) e o mal (América e/ou Ocidente), dividindo o mundo atual em dois campos extremos: os fiéis (Islamitas e/ou Muçulmanos) e os infiéis (Norte-Americanos e Ocidentais).
Como pudemos constatar, cada um afirma estar do lado do bem, lutando contra o mal. Mas quem está com a verdade e a razão? Em nome de quem estão falando? Em nome de Deus? Derramar sangue inocente é estar do lado do bem e de Deus?
O nosso Deus é um “Deus de Amor” e não um Deus de derramamento de sangue inocente. Jesus disse: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida”. Deus é vida. Derramamento de sangue é morte. Portanto, Deus é o Criador e Mantenedor da vida!
Desde os tempos passados, principalmente na Idade Média, na Reforma e Contra-Reforma, milhares de inocentes foram mortos em nome da religião, supostamente em nome de Deus e, atualmente, está surgindo um nova onda de perseguição e de intolerância religiosa.
Enquanto predominarem tais extremismos, seremos condenados à intolerância, à guerra e, com isso, a vida, que é um dom precioso que o Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo nos concedeu na cruz do calvário, poderá ser dizimada da própria biosfera, devido à falta de convivência, respeito e tolerância entre os seres humanos.
Faz-se necessário um diálogo inter-religioso e uma participação religiosa. Não estamos querendo defender aqui o “Ecumenismo”, que é uma outra questão, mas sim defender o direito que cada cidadão possui no íntimo do seu ser, a liberdade de expressão, de consciência, de crença e enfim, o seu direito irrenunciável e inalienável, que nada mais é do que o “Direito à Liberdade Religiosa”, conforme consta nos tratados de Direitos Humanos e em nossa Constituição vigente.
A tolerância e o diálogo inter-religioso é uma proposta urgente e necessária para a humanidade. As religiões necessitam se respeitarem mutuamente, sem nenhum rancor ou arrogância religiosa, precisam auto-reconhecer, entrar em diálogo e buscar convergências e não divergências, respeitando o “outro”, o nosso próximo, com suas características e individualidades.
Para finalizarmos, concluo com uma frase de um eminente teólogo e professor palestrante:

“Cristãos e Muçulmanos não podem cair na arrogância de se julgarem portadores exclusivos da revelação divina e os únicos herdeiros da salvação de Deus na história” (Leonardo Boff).

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