domingo, 27 de dezembro de 2009

Raízes históricas da teologia da prosperidade


Raízes históricas da teologia da prosperidade

Alderi Souza de Matos

O evangelicalismo brasileiro apresenta características apreciáveis e preocupantes. Entre estas últimas está o gosto por novidades. Líderes e fiéis sentem que, para manter o interesse pelas coisas de Deus, é preciso que de tempos em tempos surja um ensino novo, uma nova ênfase ou experiência. Geralmente tais inovações têm sua origem nos Estados Unidos. Assim como outros países, o Brasil é um importador e consumidor de bens materiais e culturais norte-americanos. Isso ocorre também na área religiosa. Um movimento de origem americana que tem tido enorme receptividade no meio evangélico brasileiro desde os anos 80 é a chamada teologia da prosperidade. Também é conhecida como “confissão positiva”, “palavra da fé”, “movimento da fé” e “evangelho da saúde e da prosperidade”. A história das origens desse ensino revela aspectos questionáveis que devem servir de alerta para os que estão fascinados com ele.

Ao contrário do que muitos imaginam, as idéias básicas da confissão positiva não surgiram no pentecostalismo, e sim em algumas seitas sincréticas da Nova Inglaterra, no início do século 20. Todavia, por causa de algumas afinidades com a cosmovisão pentecostal, como a crença em profecias, revelações e visões, foi em círculos pentecostais e carismáticos que a confissão positiva teve maior acolhida, tanto nos Estados Unidos como no Brasil. A história de seus dois grandes paladinos irá elucidar as raízes dessa teologia popular e mostrar por que ela é danosa para a integridade do evangelho.

Essek W. Kenyon, o pioneiro
Embora os adeptos da teologia da prosperidade considerem Kenneth Hagin o pai desse movimento, pesquisas cuidadosas feitas por vários estudiosos, como D. R. McConnell, demonstraram conclusivamente que o verdadeiro originador da confissão positiva foi Essek William Kenyon (1867-1948). Esse evangelista de origem metodista nasceu no condado de Saratoga, Estado de Nova York, e se converteu na adolescência. Em 1892 mudou-se para Boston, onde estudou no Emerson College, conhecido por ser um centro do chamado movimento “transcendental” ou “metafísico”, que deu origem a várias seitas de orientação duvidosa. Uma das influências recebidas e reconhecidas por Kenyon nessa época foi a de Mary Baker Eddy, fundadora da Ciência Cristã.

Kenyon iniciou o Instituto Bíblico Betel, que dirigiu até 1923. Transferiu-se então para a Califórnia, onde fez inúmeras campanhas evangelísticas. Pregou diversas vezes no célebre Templo Angelus, em Los Angeles, da evangelista Aimee Semple McPherson, fundadora da Igreja do Evangelho Quadrangular. Pastoreou igrejas batistas independentes em Pasadena e Seattle e foi um pioneiro do evangelismo pelo rádio, com sua “Igreja do Ar”. As transcrições gravadas de seus programas serviram de base para muitos de seus escritos. Cunhou muitas expressões populares do movimento da fé, como “O que eu confesso, eu possuo”. Antes de morrer, em 1948, encarregou a filha Ruth de dar continuidade ao seu ministério e publicar seus escritos.

Quais eram as crenças dos tais grupos metafísicos? Eles ensinavam que a verdadeira realidade está além do âmbito físico. A esfera do espírito não só é superior ao mundo físico, mas controla cada um dos seus aspectos. Mais ainda, a mente humana pode controlar a esfera espiritual. Portanto, o ser humano tem a capacidade inata de controlar o mundo material por meio de sua influência sobre o espiritual, principalmente no que diz respeito à cura de enfermidades. Kenyon acreditava que essas idéias não somente eram compatíveis com o cristianismo, mas podiam aperfeiçoar a espiritualidade cristã tradicional. Mediante o uso correto da mente, o crente poderia reivindicar os plenos benefícios da salvação.

Kenneth Hagin, o divulgador
O grande divulgador dos ensinos de Kenyon, a ponto de ser considerado o pai do movimento da fé, foi Kenneth Erwin Hagin (1917-2003). Ele nasceu em McKinney, Texas, com um sério problema cardíaco. Teve uma infância difícil, principalmente depois dos 6 anos, quando o pai abandonou a família. Pouco antes de completar 16 anos sua saúde piorou e ele ficou confinado a uma cama. Teve então algumas experiências marcantes. Após três visitas ao inferno e ao céu, converteu-se a Cristo. Refletindo sobre Marcos 11.23-24, chegou à conclusão de que era necessário crer, declarar verbalmente a fé e agir como se já tivesse recebido a bênção (“creia no seu coração, decrete com a boca e será seu”). Pouco depois, obteve a cura de sua enfermidade.

Em 1934 Hagin começou seu ministério como pregador batista e três anos depois se associou aos pentecostais. Recebeu o batismo com o Espírito Santo e falou em línguas. No mesmo ano foi licenciado como pastor das Assembléias de Deus e pastoreou várias igrejas no Texas. Em 1949 começou a envolver-se com pregadores independentes de cura divina e em 1962 fundou seu próprio ministério. Finalmente, em 1966 fez da cidade de Tulsa, em Oklahoma, a sede de suas atividades. Ao longo dos anos, o Seminário Radiofônico da Fé, a Escola Bíblica por Correspondência Rhema, o Centro de Treinamento Bíblico Rhema e a revista “Word of Faith” (Palavra da Fé) alcançaram um imenso número de pessoas. Outros recursos utilizados foram fitas cassete e mais de cem livros e panfletos.

Hagin dizia ter recebido a unção divina para ser mestre e profeta. Em seu fascínio pelo sobrenatural, alegou ter tido oito visões de Jesus Cristo nos anos 50, bem como diversas outras experiências fora do corpo. Segundo ele, seus ensinos lhe foram transmitidos diretamente pelo próprio Deus mediante revelações especiais. Todavia, ficou comprovado posteriormente que ele se inspirou grandemente em Kenyon, a ponto de copiar, quase palavra por palavra, livros inteiros desse antecessor. Em uma tese de mestrado na Universidade Oral Roberts, D. R. McConnell demonstrou que muito do que Hagin afirmou ter recebido de Deus não passava de plágio dos escritos de Kenyon. A explicação bastante suspeita dada por Hagin é que o Espírito Santo havia revelado as mesmas coisas aos dois.

Reflexos no Brasil
Os ensinos de Hagin influenciaram um grande número de pregadores norte-americanos, a começar de Kenneth Copeland, seu herdeiro presuntivo. Outros seguidores seus foram Benny Hinn, Frederick Price, John Avanzini, Robert Tilton, Marilyn Hickey, Charles Capps, Hobart Freeman, Jerry Savelle e Paul (David) Yonggi Cho, entre outros. Em 1979, Doyle Harrison, genro de Hagin, fundou a Convenção Internacional de Igrejas e Ministros da Fé, uma virtual denominação. Nos anos 80, os ensinos da confissão positiva e do evangelho da prosperidade chegaram ao Brasil. Um dos primeiros a difundi-lo foi Rex Humbard. Marilyn Hickey, John Avanzini e Benny Hinn participaram de conferências promovidas pela Associação de Homens de Negócios do Evangelho Pleno (Adhonep). Outros visitantes foram Robert Tilton e Dave Robertson.

Entre as primeiras manifestações do movimento estavam a Igreja do Verbo da Vida e o Seminário Verbo da Vida (Guarulhos), a Comunidade Rema (Morro Grande) e a Igreja Verbo Vivo (Belo Horizonte). Alguns líderes que abraçaram essa teologia foram Jorge Tadeu, das Igrejas Maná (Portugal); Cássio Colombo (“tio Cássio”), do Ministério Cristo Salva, em São Paulo; o “apóstolo” Miguel Ângelo da Silva Ferreira, da Igreja Evangélica Cristo Vive, no Rio de Janeiro, e R. R. Soares, responsável pela publicação da maior parte dos livros de Hagin no Brasil. Talvez a figura mais destacada dos primeiros tempos tenha sido a pastora Valnice Milhomens, líder do Ministério Palavra da Fé, que conheceu os ensinos da confissão positiva na África do Sul. As igrejas brasileiras sofreram o impacto de uma avalanche de livros, fitas e apostilas sobre confissão positiva. Ricardo Gondim observou em 1993: “Com livros extremamente simples, [Hagin] conseguiu influenciar os rumos da igreja no Brasil mais do que qualquer outro líder religioso nos últimos tempos”.

Conclusão
Além de apresentar ensinos questionáveis sobre a fé, a oração e as prioridades da vida cristã, e de relativizar a importância das Escrituras por meio de novas revelações, a teologia da prosperidade, através dos escritos de seus expoentes, apresenta outras ênfases preocupantes no seu entendimento de Deus, de Jesus Cristo, do ser humano e da salvação. A partir dos anos 80, várias denominações pentecostais norte-americanas se posicionaram oficialmente contra os excessos desse movimento (Assembléias de Deus, Evangelho Quadrangular e Igreja de Deus). Autores como Charles Farah, Gordon Fee, D. R. McConnell e Hank Hanegraaff, todos simpatizantes do movimento carismático, escreveram obras contestando a confissão positiva e suas implicações. Eles destacaram como, embora essa teologia pareça uma maneira empolgante de encarar a Bíblia, ela se distancia em pontos cruciais da fé cristã histórica.

No Brasil, três obras significativas publicadas em 1993 -- “O Evangelho da Prosperidade”, de Alan B. Pieratt; “O Evangelho da Nova Era”, de Ricardo Gondim; e “Supercrentes”, de Paulo Romeiro -- alertaram solenemente as igrejas evangélicas para esses perigos. Tristemente, vários grupos, principalmente os que têm maior visibilidade na mídia, estão cada vez mais comprometidos com essa teologia desconhecida da maior parte da história da igreja. Ao defenderem e legitimarem os valores da sociedade secular (riqueza, poder e sucesso), e ao oferecerem às pessoas o que elas ambicionam, e não o que realmente necessitam aos olhos de Deus, tais igrejas crescem de maneira impressionante, mas perdem grande oportunidade de produzir um impacto salutar e transformador na sociedade brasileira.


Alderi Souza de Matos é doutor em história da igreja pela Universidade de Boston e historiador oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil. É autor de A Caminhada Cristã na História e "Os Pioneiros Presbiterianos do Brasil".
asdm@mackenzie.com.br

A Origem do NATAL!



O Natal ou Dia de Natal é um feriado comemorado anualmente em 25 de Dezembro, que comemora o nascimento de Jesus de Nazaré.[2][3] A data de comemoração do Natal não é conhecida como o aniversário real de Jesus e pode ter sido inicialmente escolhida para corresponder com qualquer festival histórico Romano[4] ou com o solstício de inverno.[5] O Natal é o centro dos feriados de fim de ano e da temporada de férias, sendo, no Cristianismo, o marco inicial do Ciclo do Natal que dura doze dias.[6]

Embora tradicionalmente seja um feriado cristão, o Natal é amplamente comemorado por muitos não-cristãos,[1][7] sendo que alguns de seus costumes populares e temas comemorativos têm origens pré-cristãs ou seculares. Costumes populares modernos típicos do feriado incluem a troca de presentes e cartões, a Ceia de Natal, músicas natalinas, festas de igreja, uma refeição especial e a exibição de decorações diferentes; incluindo as árvores de Natal, pisca-piscas e guirlandas, visco, presépios e ilex. Além disso, o Papai Noel (conhecido como Pai Natal em Portugal) é uma figura mitológica popular em muitos países, associada com os presentes para crianças.[8]

Como a troca de presentes e muitos outros aspectos da festa de Natal envolvem um aumentou da atividade econômica entre cristãos e não cristãos, a festa tornou-se um acontecimento significativo e um período chave de vendas para os varejistas e para as empresas. O impacto econômico do Natal é um fator que tem crescido de forma constante ao longo dos últimos séculos em muitas regiões do mundo.

Etimologia
A palavra 'natal' do português já foi 'nātālis' no latim, derivada do verbo 'nāscor' (nāsceris, nāscī, nātus sum) que tem sentido de nascer. De 'nātālis' do latim, evoluiram também 'natale' do italiano, 'noël' do francês, 'nadal' do catalão, 'natal' do castelhano, sendo que a palavra 'natal' do castelhano tem sido progressivamente substituída por 'navidad' como nome do dia religioso.

Já a palavra 'Christmas' do inglês evoluíu de 'Christes maesse' ('Christ's mass') que quer dizer missa de Cristo.



História dos usos
Como adjetivo, significa também o local onde ocorreu o nascimento de alguém ou de alguma coisa. Como festa religiosa, o Natal, comemorado no dia 25 de dezembro desde o Século IV pela Igreja ocidental e desde o século V pela Igreja oriental, celebra o nascimento de Jesus e assim é o seu significado nas línguas neo-latinas. Muitos historiadores localizam a primeira celebração em Roma, no ano 336 D.C.

História
Segundo estudos, a data de 25 de dezembro não é a data real do nascimento de Jesus. A Igreja entendeu que devia cristianizar as festividades pagãs que os vários povos celebravam por altura do solstício de Inverno.

Portanto, segundo certos eruditos, o dia 25 de dezembro foi adotado para que a data coincidisse com a festividade romana dedicada ao "nascimento do deus sol invencível", que comemorava o solstício de inverno. No mundo romano, a Saturnália, festividade em honra ao deus Saturno, era comemorada de 17 a 22 de dezembro; era um período de alegria e troca de presentes. O dia 25 de dezembro era tido também como o do nascimento do misterioso deus persa Mitra, o Sol da Virtude.

Assim, em vez de proibir as festividades pagãs, forneceu-lhes um novo significado, e uma linguagem cristã. As alusões dos padres da igreja ao simbolismo de Cristo como "o sol de justiça" (Malaquias 4:2) e a "luz do mundo" (João 8:12) revelam a fé da Igreja n'Aquele que é Deus feito homem para nossa salvação.

As evidências confirmam que, num esforço de converter pagãos, os líderes religiosos adotaram a festa que era celebrada pelos romanos, o "nascimento do deus sol invencível" (Natalis Invistis Solis), e tentaram fazê-la parecer "cristã". Para certas correntes místicas como o Gnosticismo, a data é perfeitamente adequada para simbolizar o Natal, por considerarem que o sol é a morada do Cristo Cósmico. Segundo esse princípio, em tese, o Natal do hemisfério sul deveria ser celebrado em junho.

Há muito tempo se sabe que o Natal tem raízes pagãs. Por causa de sua origem não-bíblica, no século 17 essa festividade foi proibida na Inglaterra e em algumas colônias americanas. Quem ficasse em casa e não fosse trabalhar no dia de Natal era multado. Mas os velhos costumes logo voltaram, e alguns novos foram acrescentados. O Natal voltou a ser um grande feriado religioso, e ainda é em muitos países.

O ponto de vista da Bíblia
Geburt Christi de Geertgen tot Sint JansA Bíblia diz que os pastores estavam nos campos cuidando das ovelhas na noite em que Jesus nasceu. O mês judaico de Kislev, correspondente aproximadamente à segunda metade de novembro e primeira metade de dezembro no calendário gregoriano era um mês frio e chuvoso. O mês seguinte é Tevet, em que ocorrem as temperaturas mais baixas do ano, com nevadas ocasionais nos planaltos. Isto é confirmado pelos profetas Esdras e Jeremias, que afirmavam não ser possível ficar de pé do lado de fora devido ao frio.

Entretanto, o evangelista Lucas afirmava que havia pastores vivendo ao ar livre e mantendo vigias sobre os rebanhos à noite perto do local onde Jesus nasceu. Como estes fatos seriam impossíveis para um período em que seria impossível ficar de pé ao lado de fora em função do frio, logo Jesus não poderia ter nascido no dia em que o Natal é celebrado, e sim na primavera ou no verão. Por isso, a maioria dos estudiosos consideram que Jesus não nasceu dia 25 de dezembro, a menos que a passagem que narra o nascimento de Jesus tenha sido escrita em linguagem alegórica. Diga-se de passagem que visto que Jesus viveu trinta e três anos e meio e morreu entre 22 de março e 25 de abril, ele não poderia realmente ter nascido em 25 de dezembro.



Anúncio do anjo Gabriel e nascimento de Jesus
Ver artigo principal: Nascimento de Jesus
O nascimento de Jesus se deu por volta de dois anos antes da morte do Rei Herodes, denominado "o Grande", ou seja, considerando que este morreu em 4 AEC, então Jesus só pode ter nascido em 6 AEC. Segundo a Bíblia, antes de morrer, Herodes mandou matar os meninos de Belém até aos 2 anos, de acordo com o tempo que apareceu a "estrela" aos magos. (Mateus 2:1, 16-19 - Era seu desejo se livrar de um possível novo "rei dos judeus").

Ainda, segundo a Bíblia, antes do nascimento de Jesus, Octávio César Augusto decretou que todos os habitantes do Império fossem se recensear, cada um à sua cidade natal. Isso obrigou José a viajar de Nazaré (na Galileia) até Belém (na Judeia), a fim de registar-se com Maria, sua esposa. Deste modo, fica claro que não seria um recenseamento para fins tributários.


"Este primeiro recenseamento" fora ordenado quando o cônsul Públio Sulplício Quiríno "era governador [em gr. hegemoneuo] da província imperial da Síria." (Lucas 2,1-3 - O termo grego hegemoneuo vertido por "governador", significa apenas "estar liderando" ou "a cargo de". Pode referir-se a um "governador territorial", "governador de província" ou "governador militar". As evidências apontam que nessa ocasião, Quiríno fosse um comandante militar em operações na província da Síria, sob as ordens directas do Imperador.)

Sabe-se que os governadores da Província da Síria durante a parte final do governo do Rei Herodes foram: Sentio Saturnino (de 9 AEC a 6 AEC), e o seu sucessor, foi Quintilio Varo. Quirínio só foi Governador da Província da Síria, em 6 EC. O único recenseamento relacionado a Quirínio, documentado fora dos Evangelhos, é o referido pelo historiador judeu Flávio Josefo como tendo ocorrido no início do seu governo (Antiguidades Judaicas, Vol. 18, Cap. 26). Obviamente, este recenseamento não era o "primeiro recenseamento".

A viagem de Nazaré a Belém - distância de uns 150 km - deveria ter sido muito cansativa para Maria que estava em adiantado estado de gravidez. Enquanto estavam em Belém, Maria teve o seu filho primogénito. Envolveu-o em faixas de panos e o deitou em uma manjedoura, porque não havia lugar disponível para eles no alojamento [isto é, não havia divisões disponíveis na casa que os hospedava; em gr. tô kataluma, em lat. in deversorio]. Maria necessitava de um local tranquilo e isolado para o parto (Lucas 2:4-8). Lucas diz que no dia do nascimento de Jesus, os pastores estavam no campo guardando seus rebanhos "durante as vigílias da noite". Os rebanhos saíam para os campos em Março e recolhiam nos princípios de Novembro.

A vaca e o jumento junto da manjedoura conforme representado nos presépios, resulta de uma simbologia inspirada em Isaías 1:3 que diz: "O boi conhece o seu possuidor, e o jumento a manjedoura do seu dono; mas Israel não têm conhecimento, o meu povo não entende". Não há nenhuma informação fidedigna que prove que havia animais junto do recém-nascido Jesus. A menção de "um boi e de um jumento na gruta" deve-se também a alguns Evangelhos Apócrifos.

A estrela de Belém
Ver artigo principal: Estrela de Belém
Após o nascimento de Jesus em Belém, ainda governava a Judeia o Rei Herodes, chegaram "do Oriente à Jerusalém uns magos guiados por uma estrela ou um objecto controverso que, segundo a descrição do Evangelho segundo Mateus, anunciou o nascimento de Jesus e levou os Três Reis Magos ao local onde este se encontrava. A natureza real da Estrela de Belém e alvo de discussão entre os biblistas.

Visita dos magos
La Adoración de los Magos por Gil Vicente.Os "magos", em gr. magoi, que vinham do Leste de Jerusalém, não eram reis. Julga-se que terá sido Tertuliano de Cartago, que no início do 3.º Século terá escrito que os Magos do Oriente eram reis. O motivo parece advir de algumas referências do Antigo Testamento, como é o caso do Salmo 68:29: "Por amor do Teu Templo em Jerusalém, os reis te trarão presentes."

Em vez disso, os "magos" eram sacerdotes astrólogos, talvez seguidores do Zoroastrismo. Eram considerados "Sábios", e por isso, conselheiros de reis. Podiam ter vindo de Babilónia, mas não podemos descartar a Pérsia (Irão). São Justino, no 2.º Século, considera que os Magos vieram da Arábia. Quantos eram e os seus nomes, não foram revelados nos Evangelhos canónicos. Os nomes de Gaspar, Melchior e Baltazar constam dos Evangelhos Apócrifos. Deduz-se terem sido 3 magos, em vista dos 3 tipos de presentes. Tampouco se menciona em que animais os Magos vieram montados.

Outro factor muito importante tem a ver com a existência de uma grande comunidade de raiz judaica na antiga Babilónia, o que sem dúvida teria permitido o conhecimento das profecias messiânicas dos judeus, e a sua posterior associação de simbolismos aos fenómenos celestes que ocorriam.



Símbolos e tradições do Natal
Árvore de Natal
Árvore de Natal no Rockfeller Center em Nova Iorque, Estados Unidos.Entre as várias versões sobre a procedência da árvore de Natal, a maioria delas indicando a Alemanha como país de origem, a mais aceita atribui a novidade ao padre Martinho Lutero (1483-1546), autor da Reforma Protestante do século XVI. Olhando para o céu através de uns pinheiros que cercavam a trilha, viu-o intensamente estrelado parecendo-lhe um colar de diamantes encimando a copa das árvores. Tomado pela beleza daquilo, decidiu arrancar um galho para levar para casa. Lá chegando, entusiasmado, colocou o pequeno pinheiro num vaso com terra e, chamando a esposa e os filhos, decorou-o com pequenas velas acesas afincadas nas pontas dos ramos. Arrumou em seguida papéis coloridos para enfeitá-lo mais um tanto. Era o que ele vira lá fora. Afastando-se, todos ficaram pasmos ao verem aquela árvore iluminada a quem parecia terem dado vida. Nascia assim a árvore de Natal. Queria, assim, mostrar as crianças como deveria ser o céu na noite do nascimento de Cristo.

Na Roma Antiga, os Romanos penduravam máscaras de Baco em pinheiros para comemorar uma festa chamada de "Saturnália", que coincidia com o nosso Natal.

Músicas natalinas

Trombeteira em um concerto de músicas de Natal.Ver artigo principal: Cantigas de Natal
As canções natalinas são símbolos do Natal e as letras retratam as tradições das comemorações, o nascimento de Jesus, a paz, a fraternidade, o amor, os valores cristãos. Os Estados Unidos têm antiga tradição de celebrar o Natal com músicas típicas. No Brasil, esta tradição, além das familiares, só se tornou popular e comercial nos anos 1990, com o 25 de Dezembro lançado pela cantora Simone: Ao lançar, no ano passado, o disco natalino 25 de Dezembro, a cantora Simone quebrou um tabu. Ao contrário do que ocorre nos Estados Unidos e na Europa, os cantores brasileiros não têm o costume de lançar, no mês de dezembro, discos com músicas de Natal.[9]

Presépio
Presépio em Chicago, Estados Unidos.As esculturas e quadros que enfeitavam os templos para ensinar os fiéis, além das representações teatrais semi-litúrgicas que aconteciam durante a Missa de Natal serviram de inspiração para que se criasse o presépio. A tradição católica diz que o presépio (do lat. praesepio) surgiu em 1223, quando São Francisco de Assis quis celebrar o Natal de um modo o mais realista possível e, com a permissão do Papa, montou um presépio de palha, com uma imagem do Menino Jesus, da Virgem Maria e de José, juntamente com um boi e um jumento vivos e vários outros animais. Nesse cenário, foi celebrada a Missa de Natal.

O sucesso dessa representação do Presépio foi tanta que rapidamente se estendeu por toda a Itália. Logo se introduziu nas casas nobres européias e de lá foi descendo até as classes mais pobres. Na Espanha, a tradição chegou pela mão do Rei Carlos III, que a importou de Nápoles no século XVIII. Sua popularidade nos lares espanhóis e latino-americanos se estendeu ao longo do século XIX, e na França, não o fez até inícios do século XX. Em todas as religiões cristãs, é consensual que o Presépio é o único símbolo do Natal de Jesus verdadeiramente inspirado nos Evangelhos.

Decorações natalícias

Fontes do parque Ibirapuera em época natalina, foto por Silvio Tanaka.Uma outra tradição do Natal é a decoração de casas, edifícios, elementos estáticos, como postes, pontes e árvores, estabelecimentos comerciais, prédios públicos e cidades com elementos que representam o Natal, como, por exemplo, as luzes de natal e guirlandas. Em alguns lugares, existe até uma competição para ver qual casa, ou estabelecimento, teve a decoração mais bonita, com direito a receber um prémio.

Amigo secreto ou oculto
Ver artigo principal: Amigo secreto
No Brasil, é muito comum a prática entre amigos, funcionários de uma empresa, amigos e colegas de escola e na família, da brincadeira do amigo oculto (secreto). Essa brincadeira consiste de cada pessoa selecionar um nome de uma outra pessoa que esteja participando desta (obviamente a pessoa não pode sortear ela mesma) e presenteá-la no dia, ou na véspera. É comum que sejam dadas dicas sobre o amigo oculto, como características físicas ou qualidades, até que todos descubram quem é o amigo oculto. Alguns dizem características totalmente opostas para deixar a brincadeira ainda mais divertida.

Comemorações pelo Mundo
Cada país tem a sua forma de comemorar o Natal, inclusive países orientais.

Alemanha
O Natal na Alemanha é caracterizado, principalmente, pelo Advento. Começa quatro domingos antes do Natal, também é importante e festejado pelos alemães.



Referências
1,0 1,1 Christmas as a Multi-faith Festival—BBC News. Retrieved September 30, 2008.
Christmas, Merriam-Webster. Retrieved October 6, 2008.
"Christmas," MSN Encarta. Retrieved October 6, 2008. Archived 2009-10-31.
"Christmas", The Catholic Encyclopedia, 1913.
"Christmas", Encarta
Roll, Susan K., Toward the Origins of Christmas, (Peeters Publishers, 1995), p.130.
Tighe, William J., "Calculating Christmas". Archived 2009-10-31.
Newton, Isaac, Observations on the Prophecies of Daniel, and the Apocalypse of St. John (1733). Ch. XI.
A sun connection is possible because Christians consider Jesus to be the "sun of righteousness" prophesied in Malachi 4:2.
The Christmas Season. CRI / Voice, Institute. Página visitada em 2008-12-25.
Non-Christians focus on secular side of Christmas — Sioux City Journal. Retrieved November 18, 2009.
Poll: In a changing nation, Santa endures. Associated Press, December 22, 2006. Retrieved November 18, 2009.
Revista Veja, 4.12.1996

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

A ESTRATÉGIA DOS “PEQUENOS GRUPOS” COMO MÉTODO DE EVANGELISMO

Severino Brêda da Silva

RESUMO:
Este trabalho aborda a estratégia dos “pequenos grupos”, mais comumente denominado de “igreja em células” ou “grupos familiares” como estratégia de evangelismo. Apresenta a origem histórica, o conceito, o que fazem, quais as bases bíblicas e teológicas, aspectos negativos e quais os benefícios que justificam a utilização desse método de evangelismo para as igrejas atuais.

Palavras-chave: Pequenos grupos. Igreja em células. Método de Evangelismo.

ABSTRACT:
This paper discusses the strategy of "small groups", more commonly called the "cell church" or "family groups" as a strategy for evangelism. It presents the historical background, the concept, what they do, what are the biblical and theological foundations, the negative aspects and the benefits that justify the use of this method of evangelism for the church today.

Keywords: Small groups. Cell church. Method of evangelism.



1. Considerações iniciais
Devido a um grande despertar para a religiosidade neste século, se faz necessário adotar métodos e estratégias de evangelismo para alcançar interessados no evangelho de maneira eficiente e eficaz. No entanto, apesar desse despertar para a religiosidade, uma das marcas da sociedade atual é o individualismo. O apóstolo Paulo adverte-nos que nos últimos tempos a humanidade seria egoísta, hedonista e individualista. (II Timóteo 3:1-15).
De acordo com pesquisas recentes, 70% dos cristãos americanos crêem que podem ser bons cristãos sem fazer parte de uma igreja formal. Todavia, é impossível ser um cristão autêntico sem estar envolvido ou pertencer a uma comunidade de crentes. O fato de constar no rol de membros de uma igreja não significa ser um cristão biblicamente falando. Neste aspecto, a estratégia/metodologia dos pequenos grupos, mais comumente conhecida no meio evangélico como grupos familiares ou igrejas em células tem demonstrado ser muito eficiente para a pregação do Evangelho de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
Os pequenos grupos tendem a quebrar as barreiras do individualismo e motiva os membros a trabalharem em prol do próximo, edificando-se uns aos outros, cumprindo desta forma o propósito de Deus aqui nesta terra, que é o serviço abnegado em favor dos necessitados. Diante disso, pode-se afirmar que a participação num pequeno grupo envolve relacionamento com Deus e envolvimento pessoal em prol da comunidade de crentes.
O presente trabalho de conclusão de curso tem por finalidade apresentar a origem histórica, o conceito de pequenos grupos, o que fazem, quais as bases bíblicas e teológicas que os justificam como método de evangelismo, quais os benefícios e a contribuição dos pequenos grupos para a igreja e, por fim, quais os aspectos positivos e negativos na implantação de um pequeno grupo.
Um dos principais referenciais teóricos que iremos utilizar será o Dr. Russel Burril, Ph. D em evangelismo pela Universidade Andrews nos Estados Unidos, baseando-se em sua obra “Como Reavivar a Igreja do Século 21: o poder transformador dos pequenos grupos (2009)” e outros tais como David Cox que defendem os pequenos grupos como método de evangelismo e estratégia de crescimento de igrejas.



2. Pequenos Grupos
2.1. Histórico
A história bíblica e secular tem apresentado a origem dos pequenos grupos desde os tempos do Antigo Testamento, especificamente no Livro de Êxodo, passando pelos primórdios da Igreja primitiva, no período do Novo Testamento, na época de John Wesley e no início do Adventismo primitivo até os dias atuais.
No Livro de Êxodo, capítulo 18, Moisés recebe o conselho de seu sogro, Jetro para que nomeiem auxiliares, pois ele se encontrava sobrecarregado e então “Moisés escolheu homens capazes de todo o Israel, e os constituiu por cabeças sobre o povo: chefes de mil, chefes de cem, chefes de cinqüenta e chefes de dez” (Êxodo 18:25-27).
A partir desse momento, Moisés estabeleceu líderes de mil, de cem, de cinqüenta e de dez, fazendo com que o seu ministério pastoral fosse aliviado e delegando responsabilidades de forma equilibrada.
No final do século XVIII, John Wesley foi um dos grandes nomes da Reforma Protestante e pioneiro na implantação dos pequenos grupos. Wesley implantou mais de 10.000 pequenos grupos, denominado de classes. As classes eram ferramentas evangelísticas e agentes discipuladoras. Wesley chegou a afirmar: “Estou convencido, mais do que nunca, que pregar como apóstolo, sem juntar depois os convertidos e treiná-los nos caminhos de Deus, é somente gerar filhos para o matador” (BURRIL, 2009, p. 107).
O Adventismo primitivo adotou o modelo do metodismo de Wesley, como método de evangelismo, devido os seus pioneiros serem a maioria proveniente do metodismo. Nesta época, devido ao grande despertar para as verdades bíblicas, havia um ambiente favorável para que os pequenos grupos se consolidassem e era a vontade de Deus para a Sua Igreja naquele momento.
Para Peter Wagner, apud Komiskey “a maioria das igrejas de hoje que têm derrubado barreiras de crescimento, uma após outra, são igrejas que deram ênfase às igrejas nas casas” (KOMISKEY, 2006, p. 8). Nota-se, portanto, que as igrejas que mais têm crescido são as que adotaram os pequenos grupos como filosofia e estilo de vida.


2.2. O que são e o que fazem?
O Voto da Comissão da Divisão Sul-Americana da Igreja Adventista do Sétimo Dia, em maio de 2007, nos apresenta a visão dos pequenos grupos:
Que os pequenos grupos caracterizem o estilo de vida da igreja e funcionem como a base para a comunidade relacional, crescimento espiritual e cumprimento integral da missão de acordo com os dons espirituais (WHITE, 2004, p. 115).
De acordo com David Cox as pesquisas feitas indicam que os melhores pequenos grupos são os que, por definição:
a) São uma parte essencial da vida e da estrutura da igreja;
b) Têm uma mentalidade de crescimento;
c) Funcionam relacionalmente (COX, 2000, p. 11).
Conforme as citações acima, podemos identificar várias características tais como os pequenos grupos como estilo de vida, como a base para comunidade relacional, crescimento espiritual e têm por objetivo principal o cumprimento da missão da igreja.
A comissão deixada por Jesus para a Sua igreja é “Portanto ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado” (Mateus. 28: 19 e 20). Os pequenos grupos possuem, portanto, uma missão e esta missão é o cumprimento da missão da igreja, que é ensinar, batizar e ensinar a guardar todas as coisas que o Senhor Jesus deixou para os seus primeiros discípulos e para os cristãos na atualidade.
3. Fundamentos bíblicos e teológicos
Toda ação da igreja deve estar fundamentada na Bíblia, a Palavra de Deus. Apresentaremos a seguir os princípios bíblicos e teológicos que embasam os pequenos grupos. Primeiramente, deve-se ter em mente que a adoção da estratégia e metodologia dos pequenos grupos originou-se na mente do próprio Deus.
Antes da criação já existia um pequeno grupo de três pessoas distintas, pois Deus disse: “Façamos o homem à nossa imagem e semelhança” (Gênesis 1:26). Nesta frase nota-se que Deus não estava sozinho. Sabemos que as três pessoas da Divindade, ou seja, a Trindade participou da criação. Deduz-se então a partir disso a existência de um pequeno grupo de três pessoas da Divindade. Logo após a criação, o Senhor Deus fundou outro pequeno grupo, inicialmente com Adão e Eva. Posteriomente, com seus dois filhos Caim e Abel e, assim sucessivamente.
Com Moisés, o grande líder libertador do povo de Deus também não foi diferente. Moisés organizou o povo em pequenos grupos, atendendo ao conselho divinamente inspirado de seu sogro Jetro (Êxodo 18:17-15). Jesus, no início de seu ministério na terra formou um pequeno grupo com os doze discípulos (Marcos 3:13-15).
A igreja primitiva foi organizada em pequenos grupos com reuniões nos lares, por causa da perseguição dos judeus (Atos 2:42-47; 5:42). A escritora e pioneira do movimento Adventista Ellen G. White declara a respeito dos pequenos grupos:
Que pequenos grupos se reúnam à noite, ao meio-dia, ou de manhã cedo, para estudar a Bíblia. Que eles tenham um período de oração, para que possam ser fortalecidos, iluminados e santificados pelo Espírito Santo. Se vocês mesmos abrirem a porta para recebê-la, uma grande bênção virá sobre vós. Anjos de Deus estarão no meio da vossa assembléia. Sereis alimentados com as folhas da Árvore da Vida. Que testemunhos podeis dar do carinhoso relacionamento com os vossos colegas de trabalho nesses preciosos períodos em que buscais as bênçãos de Deus. Que cada um conte a sua experiência com palavras simples. Isso trará mais conforto e alegria à alma do que todos os agradáveis instrumentos de música que possam ser introduzidos nas igrejas. Cristo entrará nos vossos corações. Só por este meio podereis manter a vossa integridade” (WHITE, 2000, p. 195).
Ainda com relação aos pequenos grupos, a pioneira adventista afirma que é uma orientação de Deus para a igreja: “A formação de pequenos grupos como base de esforço cristão, foi me apresentada por Aquele que não pode errar”. “Formemos em nossas igrejas grupos para o serviço” (WHITE, 2004, p. 72).
Os pequenos grupos são os planos de Deus para a igreja no tempo do fim, tanto para as grandes quanto para as pequenas igrejas. Sabemos que a igreja de Deus será perseguida novamente e já não mais existirão prédios para os cristãos se reunirem. Com os pequenos grupos a igreja será fortalecida espiritualmente e sobreviverá aos ataques do inimigo de Deus e de todos os cristãos, Satanás.
4. Benefícios e Aspectos Positivos
Podemos afirmar sem sombra de dúvidas de que existem vários benefícios e aspectos positivos na adoção da estratégia e metodologia dos pequenos grupos. Dentre eles, destacam-se o crescimento no relacionamento com Deus, crescimento no conhecimento e estudo da Bíblia, na amizade e relacionamentos uns com os outros, atende e ajuda nas necessidades das pessoas, capacita os membros para o ministério cristão, identifica rapidamente os dons espirituais e são desenvolvidos e utilizados na obra de Deus, ajuda no cuidado pastoral da igreja, diminui a apostasia e ajuda na conservação de membros na igreja, ajuda a formar novos discípulos e mobiliza o maior número de membros na conquista de almas para o reino de Deus. Dentre as diversas vantagens dos pequenos grupos acima citados, analisaremos abaixo algumas delas.
4.1. Crescimento espiritual
Os pequenos grupos são o ambiente ideal e propício para atender às necessidades espirituais e materiais dos participantes ou não participantes. Desenvolve nos membros o desejo de alcançar maior espiritualidade e maturidade cristã. A igreja pode ser considerada como uma fogueira e nós como as brasas. Se afastarmos da fogueira, a nossa chama espiritual poderá se apagar. Neste aspecto, os pequenos grupos poderão ser as faíscas que ascenderá as nossas brasas para a seara do Senhor na conquista de almas para o seu reino.
4.2. Crescimento nos relacionamentos
O ser humano é um ser social e necessita estar constantemente em contato uns com os outros. Como diz o adágio: “Ninguém é uma ilha”. Diante disso, o ser humano necessita preencher as suas necessidades sociais de relacionamentos e atender a uma necessidade básica de pertencimento a um grupo. Neste aspecto, os pequenos grupos preenchem tais necessidades e carências, pois é um ambiente propício para o crescimento nos relacionamentos.
Quando um indivíduo se associa a uma nova igreja, ele necessita fazer novas amizades, pois os vínculos anteriores, na maioria das vezes são cortados. De acordo com especialistas, um membro que não ingressa num círculo de amizade após o seu batismo na igreja, dificilmente permanecerá na nova fé. Daí a importância do desenvolvimento de um novo círculo de amizades e relacionamentos na comunidade cristã.
4.3. Formação de discípulos
As igrejas em geral trabalham com a estratégia e metodologia de formação de discípulos. O próprio Jesus Cristo implantou um sistema de discipulado. Durante três anos e meio treinou e capacitou os doze discípulos para a missão da igreja.
Em Mateus Jesus nos deixou esta ordem expressa: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século”. (Mateus 28: 19,20). Diante dessa afirmação, pode-se deduzir que os pequenos grupos são o melhor ambiente para o ensino, capacitação e desenvolvimento de discípulos e formação de liderança.
4.4. Formação de liderança
Será de vital importância que nos pequenos grupos os líderes sejam pessoas comprometidas com a visão e a missão da igreja e sejam devidamente treinados e capacitados para a liderança dos pequenos grupos. A igreja necessita implantar um programa de capacitação e treinamento da liderança dos pequenos grupos, com encontros de aprendizado, inspiração, motivação e apoio mútuo entre os líderes, o ancião e o pastor da igreja.
Um líder de pequeno grupo deve reunir qualidades necessárias para desempenhar um bom trabalho, tais como: atuar como um sub-pastor, ter comprometimento e compreensão de princípios espirituais, ter um profundo relacionamento com Cristo, disposição para ajudar, paixão pela conquista de almas para Cristo, ser estudante assíduo da Bíblia, apto para o ensino e que também possa ser ensinado, ser responsável e acima de tudo, possuir um estilo de liderança servidora, baseado em Lucas 22:25-26. Enfim, para que os pequenos grupos prosperem, o líder deverá ser a peça chave e deverá comunicar a visão e missão da igreja e articular o propósito do movimento.
4.5. Plantio de novas igrejas
Além de promoverem os benefícios já citados anteriormente, os pequenos grupos também contribuem para o plantio de novas igrejas.
No entanto, para que os pequenos grupos cresçam e tornem-se novas igrejas, de acordo com as normas de procedimentos e orientações da Igreja Adventista do Sétimo Dia, eles deverão ter em mente a busca dos componentes de um crescimento eclesiástico, que são:
a) Visão e missão específicas; b) Membros envolvidos em vários ministérios; c) Ser uma igreja atraente para a comunidade; d) Ligação com o poder celestial através da oração; e) Amar incondicionalmente as pessoas; f) Preparar e capacitar novos líderes; g) Atrair visitantes e simpatizantes; h) Realizar evangelismo em equipe e através de duplas missionárias; i) Dividir-se para multiplicar e multiplicar para crescer (REVISTA PEQUENOS GRUPOS, 2005, p. 23).
5. Aspectos negativos
Dentre os vários aspectos que se consideram negativos na implantação dos pequenos grupos, destacam-se a falta de:
a) Liderança capacitada e treinada; b) Organização e compromisso dos membros; c) Preparo da igreja, da liderança e do pastor; d) Visão e missão obscuras por parte da liderança; d) Verdadeira Koinonia (comunhão); e) Persistência e motivação para o trabalho missionário; f) Oração, espiritualidade, consagração e perseverança (REVISTA PEQUENOS GRUPOS, 2005, p. 24).
Um pequeno grupo que apresente qualquer um destes aspectos negativos, dificilmente terá sucesso e a tendência será a sua extinção.
6. Metodologia de Funcionamento
O programa dos pequenos grupos está praticamente fundamentado na Bíblia (Atos 2:42 e 47) e também podem ser encontrados nos escritos da co-fundadora do movimento adventista, a Sra. Ellen White. A seguir, apresenta-se a seqüência de uma reunião de estudo relacional da Bíblia de um Pequeno Grupo, de acordo com manuais de instruções e orientações da Igreja Adventista do Sétimo dia:
1. Confraternização – recepção, colocando a conversa em dia e "quebra-gelo"; 2. Adoração – louvor, oração, meditação, testemunho, estudo; 3. Testemunho – planejamento evangelístico do grupo, oração intercessória, duplas missionárias; 4. Oração – oração individual, em duplas ou em grupo; 5. Estudo Relacional da Bíblia – ênfase na aplicação do texto à vida pessoal e comunitária (REVISTA PEQUENOS GRUPOS, 2005, p. 25).
1. Confraternização – É o momento em que o pequeno grupo desenvolve a amizade e o companheirismo entre os componentes. Durante a confraternização é criado um clima de participação de todos. O líder exerce um papel fundamental neste aspecto, iniciando a confraternização como forma de “quebra-gelo”. Todos devem participar livremente. Perguntas que podem ser feitas durante a confraternização: Como foi a semana? Aconteceu alguma coisa especial que gostaria de compartilhar com o grupo? Ajudou alguém durante a semana?
2. Adoração – Neste momento, os membros poderão louvar a Deus através de hinos, cânticos e salmos, meditações, testemunhos, etc.
3. Testemunho – Este é o momento em que os componentes do pequeno grupo partilham as suas atividades missionárias e espirituais que aconteceram durante a semana.
4. Oração – A oração é “a respiração da alma” de um pequeno grupo, como afirma Ellen White. Ela é indispensável para a sobrevivência de um pequeno grupo. Faz com que os membros se aproximem uns dos outros e fortalece a vida espiritual do pequeno grupo. Poderá ser realizado individualmente, em duplas ou em grupo.
5. Estudo Relacional da Bíblia – É o momento de se abrir a Palavra de Deus e usufruir do poder contido nela. A Bíblia é a fonte de todo o poder que vem de Deus. É um livro vivo e criativo que transforma o coração das pessoas. Neste momento o líder desenvolve o papel de instrutor e evangelista através de um estudo relacional, realizando aplicações práticas para a vida dos componentes do pequeno grupo e deverá contar com a participação de todos.
Funcionamento do Pequeno Grupo
Normalmente o pequeno grupo funciona numa casa cedida por um anfitrião ou anfitriã membro da igreja, uma vez por semana, podendo ser na sexta-feira, considerado o dia mais apropriado ou outro dia, com tempo aproximado de 60 a 70 minutos, com três a doze participantes. Caso tenha criança, escolher uma pessoa capacitada para cuidá-las.
Orientações que o líder deve dar nas primeiras reuniões
Nas primeiras reuniões dos pequenos grupos, o líder deverá dar as primeiras instruções quanto ao relacionamento interpessoal entre os membros:
1. Os membros são aceitos como são; 2. A participação é espontânea; 3. Os membros não tentarão modificar ninguém; 4. O objetivo é compartilhar a experiência uns com os outros; 5. Combinar quando serão convidados os interessados (aconselha-se convidar quando houver a consolidação do pequeno grupo, em torno de três meses após o início); 6. Fazer um compromisso com o grupo (REVISTA PEQUENOS GRUPOS, 2005, p. 26)
Compromisso de cada membro do Pequeno Grupo
Todos os componentes do pequeno grupo deverão firmar um compromisso na participação e envolvimento nas reuniões e nas atividades evangelísticas do grupo:
Chegarei a tempo para as reuniões; Se faltar avisarei; Ajudarei o grupo a ter uma experiência positiva; Participarei do evangelismo; Ajudarei o grupo a crescer e formar um novo grupo (REVISTA PEQUENOS GRUPOS, 2005, p. 27).
Oito Hábitos do Líder de um Pequeno Grupo
Todo líder de pequeno grupo deve ter em mente que está desempenhando a função de um sub-pastor e possui sob sua responsabilidade vários irmãos em Cristo, devendo zelar e cuidar da vida espiritual dos componentes do seu grupo e para tanto, deverá desenvolver hábitos espirituais saudáveis, tais como:
1. Sonhar em liderar um grupo saudável, que cresce e se multiplica;
2. Orar diariamente pelos membros do grupo;
3. Convidar semanalmente pessoas novas para visitar o grupo;
4. Contatar regularmente os membros do grupo;
5. Preparar-se para o encontro do grupo;
6. Mentorear um auxiliar de líder;
7. Planejar atividades de comunhão do grupo;
8. Comprometer-se com o crescimento pessoal (REVISTA PEQUENOS GRUPOS, 2005, p. 28).
7. Considerações finais
O presente trabalho de conclusão de curso teve por finalidade apresentar a estratégia e metodologia dos pequenos grupos como uma excelente ferramenta de evangelismo para as igrejas nos dias atuais. Apresentamos breves considerações iniciais, a origem histórica, o conceito e os fundamentos bíblicos e teológicos, benefícios e aspectos positivos e negativos e a metodologia de funcionamento dos pequenos grupos.
Pode-se afirmar que a vida do corpo da igreja encontra-se em suas células. Se a célula, que é a base de um organismo saudável não se multiplicar, o corpo também não se desenvolve. Quando as células se multiplicam, o corpo se desenvolve. As células são, portanto, os pequenos grupos, organismos vivos da igreja.
O Manual da Igreja Adventista afirma: “Um estudo sobre os movimentos da igreja mostra que todo grande reavivamento é influenciado pelo rápido acesso à Bíblia e pela reunião de crentes em grupos pequenos e amistosos” (MANUAL DA IGREJA ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA, 2006, p. 68).
Neste aspecto pudemos constatar que os pequenos grupos promovem confraternização, estudo relacional da Bíblia, oração e testemunho entre os crentes de uma comunidade cristã e promovem um grande reavivamento espiritual na igreja, além de contribuir para a formação de liderança e motivar os membros da igreja para o trabalho missionário.
Diante disso, dentre os vários aspectos positivos que apresentamos, aconselhamos às comunidades cristãs que adotem os pequenos grupos como estilo e filosofia de vida, pois, as estatísticas têm demonstrado uma explosão numérica e um grande despertamento espiritual para as verdades bíblicas nas igrejas que adotam tal estratégia e metodologia de evangelismo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Bacharel em Ciências Contábeis - Universidade Federal de Mato Grosso
Bacharelando em Teologia - Universidade da Grande Dourados
Mestre em Teologia pela Escola Superior de Teologia de São Leopoldo – RS
E-mail: sbscontabil@hotmail.com

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Idem, p. 24.
Idem, p. 25
Idem, p. 26
Idem, p. 27
Idem, p. 28

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