segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Meu tempo de colégio

Meu tempo de colégio

Investir na educação adventista é edificar sobre a Rocha
Durante uma década, desfrutei a vida de internato:
cinco anos no Instituto Adventista de Ensino (IAE), e
cinco, no Educandário Nordestino Adventista (ENA).
Com exceção dos períodos de férias, nos quais vendia
livros e revistas para conseguir a bolsa escolar, passei
um sétimo de minha vida no “segundo lar”. E tenho
“doces recordações”.
Quando cheguei ao colégio para cursar uma parte
do Ginásio, conheci estudantes como Léo Ranzolin,
Assad Bechara, Ademar Quint, Joel Sarli, Ruy Nagel
e Evelyn Skrobot Paraná. Eu olhava para eles com
respeito e admiração. Léo Ranzolin, por exemplo,
era líder de jovens. Dinâmico e entusiasta, promoveu
inspiradores programas MV (hoje JA), num dos quais
senti o desejo de trabalhar para a causa do Evangelho.
Antes de ir para o colégio, ouvi pessoas falarem
sobre importantes personagens da escola, como
Jerônimo Garcia, Siegfried Kümpel, Albertina Simon,
Rodolpho Belz, Jerome Justesen, Renato Oberg,
Nevil Gorski, Orlando Ritter e tantos outros. Com o
passar dos anos, todos eles foram meus professores e
exerceram profunda influência em minha vida.
No ENA, conheci estudantes que também
deixaram sua marca: José Mascarenhas Viana, Arôvel
Moura, Izaías Andrade, Nalva Amorim e Gerusa
Bezerra. E professores como Waldemar Groeschel,
José Nóbrega, Ilse Hort, Robert D. Davis, Frederico
Gerling, Modesto Marques e Eduardo Zurita. A
maioria dos leitores não conhece nada sobre essas
pessoas, mas Deus as usou poderosamente para o bem
de milhares de alunos.
Em meu primeiro ano de colégio, um texto bíblico
me serviu de estrela-guia: Provérbios 3:1-8.
Quando abri a mala e peguei minha Bíblia, esses
versos estavam sublinhados. Um recadinho da
minha mãe me recomendava a leitura diária dessa
porção da Palavra de Deus. Até hoje leio esses versos,
especialmente o primeiro: “Filho Meu, não te esqueças
dos Meus ensinos, e o teu coração guarde os Meus
mandamentos.”
Meu “segundo lar” contribuiu muito para que
eu amasse a Palavra de Deus. Os cultos matinais
e vespertinos, as atividades espirituais do sábado,
as aulas de ensino religioso e o bom exemplo de
professores e colegas – tudo isso me ajudou muito.
Uma das coisas que aprendi no colégio foi a
solidariedade. Na segunda série ginasial, tive um
colega chamado Iwao. Ele não era adventista. Certo
dia, na hora do recreio, ele me viu encostado à parede
da cantina, com um livro na mão. “Rubens, todos os
alunos compram picolé ou bolacha e você se contenta
com leitura.” Ele não sabia que eu não tinha dinheiro
para guloseimas. O fato é que, daquele dia em diante,
ele partilhou o lanche comigo até o fim do ano. Nunca
mais vi meu amigo Iwao, mas ele me ensinou que
partilhar é mais importante do que receber.
Outra coisa importante na vida colegial é a música.
Cantei em quartetos (olá, meus colegas Luís Motta,
Joel Sarli, Aristone Luís Pereira, Marenus de Paula,
Wilson e Hélio Santos, Paulo Sarli, Malton Braff,
Roberto Conradi, Frederico Gerling, Izaías Andrade,
Moisés e Edgar Santos), quanta saudade! Um dia,
cantaremos junto ao Rio da Vida. E não vai demorar
muito! Também cantei em corais estudantis. Certa
vez, voltávamos de trem, após abençoada excursão
do Coral Carlos Gomes. No banco da frente, estava
a Helena Garcia. Numa curva da estrada, quando fui
pegar minha pasta cheia de livros, perdi o equilíbrio
e toda a minha “biblioteca” caiu pela janela, inclusive
uma Bíblia com muitas anotações. Na segunda-feira,
na hora do recreio, o professor Jerônimo Garcia, pai
da Helena, me entregou um pacote. Era uma Bíblia de
luxo, com a seguinte dedicatória: “Ao Rubens, com um
amplexo do Jerônimo Garcia”.
Quando olho para o passado e assisto ao filme da
minha passagem pelos colégios adventistas, vejo que
Deus tinha um propósito para mim. Aprendi muitas
coisas – ciências, línguas (inclusive um pouco de latim),
matemática, geografia, história, doutrina, teologia –
mas a estrela-guia foi e continuará sendo a Bíblia.
Pais, não existe maior investimento do que a
educação cristã. Disse Ramalho
Ortigão: “Em todo estado e em toda
condição social, o homem bemeducado
é um homem superior.”
Nesta edição, a matéria de capa focaliza a
importância da educação adventista. Como
editor, espero que essa ênfase ajude nosso povo a
entender o propósito das instituições de ensino.

Editorial Revista Adventista 10/2009 - por Rubens Lessa
Rubens Lessa é editor da
Revista Adventista.
rubens.lessa@cpb.com.br

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