terça-feira, 10 de março de 2009

Ensino Religioso: educação pró-ativa para a tolerância

A autora, Marili Bassini, Mestre em História Cultural, doutoranda em História Cultural pelo Departamento de História, do IFCH, da Universidade de Campinas-SP, à época em que escreveu seu artigo, o qual pretende mostrar como foi desenvolvido um trabalho junto aos professores da rede pública do Estado de São Paulo, com o fim de se implementar a disciplina de Ensino Religioso, baseado na tolerância entre as escolas e as comunidades, estudando e pesquisando sobre a História das Religiões, pois, a religião faz parte do patrimônio cultural da humanidade e da diversidade cultural e no final de seu artigo apresenta uma proposta para se trabalhar o ensino religioso em sala de aula com os alunos, respeitando-se, desta forma, a pluralidade de crenças e a diversidade religiosa.
Com tal projeto, a autora procurou retirar lições e relatos de fatos cotidianos e demonstrar que a maioria dos conflitos existentes atualmente, é proveniente de questões religiosas, ou seja, muitas pessoas se matam por causa da religião e a usam como desculpa para resolver os seus conflitos políticos, econômicos e sociais.
Sabemos que a religião faz parte do patrimônio cultural da humanidade e a mesma é protegida e recebe a tutela do Estado. No entanto, muitos se utilizam da religião como pressuposto de intolerância, criando assim, práticas discriminatórias e preconceituosas contra praticantes de determinadas religiões, classificando-as pejorativamente como “seitas”.
Tal atitude não se justifica na sociedade atual, pois, conforme afirma a própria autora, “vivemos numa sociedade pluralizada, com diferentes culturas que devem ser entendidas nas suas diferenças e respeitadas da mesma forma”.
Desta forma, com os cursos implantados, procurou desenvolver a compreensão do “outro”, com sua diversidade cultural, compreendendo os seus valores e tradições inseridas em sua cultura. Tal compreensão implica em deixarmos os nossos valores e tradições rotuladas como melhores ou como o único caminho verdadeiro, para analisarmos e compararmos as outras culturas em seus campos específicos.
Assim, foram analisados vários costumes religiosos, suas datas comemorativas, festas, calendários e diversas religiões, tais como o Judaísmo, o Cristianismo, o Islamismo, estas consideradas as três grandes religiões monoteístas que possuem como Deus, Jeová, Jesus e Alá respectivamente.
O artigo enfatiza a necessidade de se trabalhar o Ensino Religioso de modo interdisciplinar, ou seja, associar o estudo de História das Religiões com outras disciplinas tais como História, Geografia, Filosofia e Ética, dentre tantas outras áreas do conhecimento. Diante disso, o Ensino Religioso, poderá ser transformado num tema transversal, onde cada professor de uma determinada disciplina poderá trabalhar sob a ótica de seu campo de conhecimento.
E, por fim, a autora em seu artigo procura desconstruir o tabu de que existe uma religião superior, ou seja, destituí-la de um caráter “natural”, com a idéia de que sempre existiu, ou de que sempre foi assim. Com isso, a autora defende a idéia que não existe nada “puro” e que a religião é o resultado da ressignificação construída a partir do contato com outras culturas e povos e tudo se resume a fenômenos e movimentos religiosos e a religião é uma construção social e cultural.
Portanto, a disciplina de Ensino Religioso pode e deve ser trabalhada, tanto no âmbito escolar, quanto na comunidade. Porém, muita coisa dependerá de atitudes de tolerância e respeito pela diversidade cultural, pois, sabemos que a religião é uma manifestação cultural, que deve ser respeitada pela sociedade.
Desta forma, podemos afirmar que não existe uma religião “superior” ou “melhor” do que a outra, pois ninguém é dono de uma “verdade absoluta” e a religião é uma construção social e cultural e, por isso, devemos praticar a tolerância para com todos, independentemente de raça, credo ou classe social.

Nenhum comentário: