domingo, 15 de novembro de 2009

Céu, Inferno, Parousia e Juízo Final

Existem várias visões sobre o céu e o inferno. Na visão tradicional católica e protestante, céu e inferno devem ser interpretados literalmente. Já sob a ótica católica e protestante contemporâneas, o céu e o inferno são símbolos, metáforas que se referem à afirmação plena da vida ou da morte.
Quanto à “Parousia e o Juízo Universal” também podemos encontrar várias interpretações. Existe a afirmação de que o inferno é literal, é um lugar de tormento eterno. Outros já negam a existência de inferno, pois o inferno se refere à sepultura, “sheol”, em hebraico.
Já no meio protestante existem várias linhas teológicas: “pós-tribulacionistas”, “amilenistas”, “mid-tribulacionistas”, “meso-tribulacionista”, “pré-tribulacionista dispensacionalista”. Dentro dessas linhas alguns acreditam que a igreja será arrebatada secretamente. Alguns serão levados, outros serão deixados para passarem pela tribulação. Outros afirmam que a igreja se encontrará com Jesus nas nuvens do céu e enfrentaremos o Juízo Final. Outros afirmam que já está acontecendo um Juízo Investigativo de nossas obras. Haja confusão! Até parece que estamos diante da “Torre de Babel” novamente!.
Diante de tantas interpretações teológicas só posso afirmar com a plena certeza na Palavra de Deus de que Jesus voltará nas nuvens do céu literalmente, pois Apocalipse 1: 7 afirma que “todo o olho verá o Filho do Homem vindo nas nuvens do céu”. Não há outra forma de interpretarmos este versículo. Quando afirma todo é todo olho físico e não somente os olhos da fé. Até aqueles que traspassaram Jesus ressuscitarão para ver a Sua glória em seu retorno.
Quanto ao céu, a Palavra de Deus é categórica em afirmar que Deus habita no céu e Jesus foi nos preparar um lugar. Com certeza, este lugar deve ser o céu.
Quanto ao juízo final, todos haveremos de enfrentá-lo. Pode estar acontecendo agora ou num futuro próximo, pois a Palavra de Deus afirma que no céu existem livros e um dos principais é o “Livro da Vida do Cordeiro”. Se não houvesse julgamento, não haveria necessidade de livros para serem anotados os nossos atos.
Portanto, creio na volta literal de Cristo nas nuvens do céu. Não creio no arrebatamento secreto. Creio no milênio como se encontra no livro de apocalipse. Creio que toda a igreja se encontrará com Jesus nas nuvens do céu e não somente alguns como afirma a teoria do arrebatamento secreto. Teremos que passar por uma grande tribulação e perseguição antes da volta de Cristo. Não haverá segunda chance para os que ficarem, pois Deus ainda está nos dando a chance com a “porta da graça” aberta e compete a nós tomarmos uma decisão no tempo presente. Haverá um juízo final e as nossas obras já estão sendo examinadas desde agora. Não creio na afirmativa “uma vez salvo, salvo para sempre”, de que o crente não perde a salvação e sim o “galardão”. Se o crente se desviar do caminho, com certeza perderá a salvação. Não creio no inferno, pois inferno significa sepultura, “sheol” em hebraico. Os mortos vão para a sepultura e a morte é como um sono.
Portanto, este é o meu posicionamento teológico quanto aos temas acima. Posso até ser taxado de fundamentalista, mas ainda creio nas Escrituras Sagradas como a Palavra de Deus inspirada.

"Solla gratia, solla fide, solla scriptura"

Escatologia - Doutrina das Últimas Coisas

O termo “Escatologia”, vem do grego “éschatos” e “logia”, ou seja, é a reflexão racional, o estudo sobre as últimas coisas.
As últimas coisas, entretanto, tanto podem se referir a acontecimentos futuros, quanto a acontecimentos presentes, pois o tempo de Deus é diferente do nosso tempo. O tempo de Deus é “kairós”, enquanto o tempo de ser humano é “chronós”. Para Deus mil anos são como um dia e um dia é como mil anos.
Acredito que o momento decisivo de nossas vidas é quando a morte chega. Quando ela chega devemos estar preparados. Por isso, o preparo espiritual deve ser diariamente. Não sabemos a hora. Nem o próprio Jesus afirmou que sabia a hora de seu retorno. Nem tampouco nós pecadores, haveremos de saber o dia e a hora de retorno de Cristo, nem de nossa própria morte. Se é que estaremos vivos ou mortos quando do Seu retorno.
Todo cristão deve ter a plena certeza de que Deus restaurará todas as coisas ao seu estado original. No “Dia do Senhor” toda a violência, injustiça e opressão deste mundo serão exterminados e Deus nos enxugará toda lágrima, pois não haverá mais morte, nem dor, nem doença ou qualquer tipo de sofrimento.
Enquanto aguardamos a restauração de todas as coisas, devemos viver no tempo presente os valores do reino de Deus, pautados na paz, na justiça, misericórdia, amor e perdão ao próximo. O cristão não deve somente esperar os acontecimentos futuros, mas começar a praticar desde o momento de sua conversão, desde o momento que aceita a Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador.
Portanto, se quisermos morar no céu, devemos primeiramente começar a praticar os valores do reino de Deus aqui na terra. Existe um hino cantado pelo quarteto “Arautos do Rei” que diz que “o céu é aqui”. A nossa vida e o nosso lar dever ser, portanto, o início e um pedacinho do céu.

Ecumenismo Prático

Cremos que deveria haver apenas uma religião entre os cristãos, o Cristianismo. No entanto, o problema da unidade e do ecumenismo consiste basicamente na palavra “fundamentalismo”. O Cristianismo possui várias ramificações denominacionais e cada uma defende a sua doutrina com unhas e dentes e não abrem mão de maneira alguma.
De um lado temos o “fundamentalismo católico”, nos discursos do atual Papa Bento XVI, Joseph Ratzinger, onde o mesmo afirma que “extra ecclesia nulla sallus”, não há salvação fora da Igreja Católica. O papado defende os dogmas da Igreja católica e baseia a sua doutrina não somente nos livros canônicos, mas também nos apócrifos e na tradição da igreja.
De outro lado temos o “fundamentalismo protestante”, onde a maioria nega a autoridade papal e a considera como a “besta” do Apocalipse do final dos tempos. O protestantismo defende o “sacerdócio universal de todos os crentes”, rejeita os livros apócrifos e se pauta pelo princípio protestante “solla gratia, solla fide e solla scriptura”, " somente pela graça, pela fé e pela escritura”.
Diante disso, creio ser difícil a união doutrinal entre as igrejas. Entretanto, com relação ao “Ecumenismo Prático” como saída para promoção da vida e da dignidade da pessoa humana, acredito ser válido. Ao invés de as igrejas estarem realizando disputas doutrinárias e concorrendo no mercado religioso por adeptos, porque não desviarem tais esforços em conjunto para a defesa da vida e não provocarem mais derramamento de sangue?.
Defendemos a unidade na diversidade. Cada religião pode permanecer em sua crença, em seus dogmas, sem precisarem abrir mão de seus princípios doutrinários. Mas que isso não seja motivo de discórdias e de disputas religiosas. Devemos buscar a unidade em Jesus Cristo, pois Ele derrubou todas as barreiras da intolerância, do preconceito e da discriminação. Nele não existe acepção de pessoas. Somos todos cristãos, filhos de um mesmo Deus. Como pregar a unidade, se entre nós não existe concordância?
Portanto, devemos mostrar o exemplo da unidade da fé, do testemunho, do compromisso e do amor em Cristo e defendermos a promoção da dignidade do ser humano e da plenitude de vida.

Processo de desenvolvimento da consciência eclesial da Igreja Cristã

O processo de desenvolvimento da consciência eclesial pode ser classificada em ekklesía mística e ekklesía concreta. A ekklesía mística era a Igreja Universal enquanto corpo místico de Cristo. Já a ekklesía individual ou concreta expressava o caráter local da Igreja enquanto corpo de Cristo. O desenvolvimento não se deu apenas pelas influências e esforços paulinos, mas também por causa dos antecedentes históricos daqueles que se convertiam, ou seja, eram geralmente judeus ou pessoas que tinham algum tipo de influência proselitista do judaísmo e se reuniam em sinagogas helenistas. Com o surgimento e desenvolvimento da consciência eclesial da Igreja Cristã antiga surgem também as celebrações litúrgicas com os ritos do Batismo e da Ceia do Senhor ou Eucaristia. O Batismo é considerado como um rito de iniciação ou rito de passagem. Para que um indivíduo cristão possa fazer parte de uma comunidade cristã, depois de convertido, deve ser batizado. É um meio de purificação dos pecados, através da lavagem pela água. Ele se esquece do seu passado e inicia o processo de uma nova vida em Cristo Jesus. É o nascimento de uma nova vida como criatura no Reino de Deus. Quanto à forma do batismo, a maioria dos teólogos defende o batismo por imersão, tanto que no original a palavra batismo, em grego: baptizo significa imersão, submersão e emersão, ou seja, a pessoa deve ser mergulhada na água. No entanto, outras formas de batismo eram admitidas na igreja cristã primitiva e são praticadas até os nossos dias, tais como a aspersão e efusão. O que importava era o rito e não a sua forma. A Ceia do Senhor ou mais comumente conhecida como Eucaristia no catolicismo é a celebração mística com o corpo e o sangue de Jesus Cristo. O próprio Jesus enfatizou na última Ceia com os discípulos: “Isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados”. (Mat. 26:28). O catolicismo defende a transubstanciação do vinho e do pão materializados como sendo o próprio corpo de Cristo. Esta doutrina não possui base bíblica. O rito da Ceia do Senhor é apenas uma figura, uma simbologia do sacrifício que Cristo fez por nós. Portanto, representa o “memorial do sofrimento” de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, o qual sofreu e morreu na Cruz do Calvário, para a remissão de nossos pecados. Antes da institucionalização da Igreja, estes ritos poderiam ser realizados por qualquer cristão. A partir do II século, a administração de tais ritos passou para os bispos, sacerdotes oficiais da Igreja institucionalizada. Até os nossos dias, estes ritos são considerados essenciais e de suma importância para a comunidade cristã. São realizados por um pastor, sacerdote ou clérigo religioso nas comunidades como forma de iniciação e confirmação de novos adeptos na religião.