terça-feira, 10 de março de 2009

Ensino Religioso entre sons e imagens

O artigo Ensino Religioso entre sons e imagens discute a utilização dos meios de comunicação de massa, tais como a televisão comercial e religiosa, websites e revistas como ferramentas de auxílio ao Ensino Religioso nas escolas públicas do Estado de São Paulo.
O objetivo da proposta de divulgação do Ensino Religioso através destas mídias é a transformação da teoria em prática, adotando, desta forma, recursos teóricos, metodológicos e didáticos para o desempenho da atividade docente em Ensino Religioso.
Como instrumentos metodológicos, foram utilizados a televisão e internet como fontes de pesquisa. Os autores enfatizam a importância do papel decisivo que a televisão possui em nossa cultura e assim, a mesma pode ser utilizada como fonte de pesquisa para aulas de Ensino Religioso.
Destacam a obra do autor Marcos Napolitano, Como Usar a Televisão em Sala de Aula, onde o mesmo propõe dinâmicas de trabalho para alunos e professores a partir de considerações teóricas sobre o papel da televisão na cultura ocidental.
Através desta ferramenta de ensino, o professor poderá selecionar programas, novelas e notícias que abordam os temas religiosos e realizar um mapeamento das práticas religiosas de seus alunos e desses materiais, elaborando-se uma análise através do seguinte exercício:
a) Analisar a estrutura do programa: duração, gênero (culto, programa de entrevistas e depoimentos, monólogo, musical); ordem dos segmentos;
b) Analisar as mensagens – sobre o que fala o (a) apresentador (a)? como fala? Qual o vocabulário utilizado – acessível, inacessível, cheio de termos religiosos desconhecidos ou conhecidos - quais?; como ele ilustra sua fala (trechos da Bíblia? Animações? Dramatizações? Usa depoimentos? Interação por telefone ou carta?);
c) Identificar temas que sobressaem – como conduzir sua vida perante Deus? Quem é Deus? Visão sobre a morte; uso de bens materiais; pecados; o certo e o errado; família; casamento; sexualidade; filhos; apelo à conversão; apelo à doação; exorcismos.
Várias questões podem ser levantadas, além dos questionamentos acima, relacionando-as com a história das religiões, do protestantismo, do pentecostalismo, temas relacionados ao dinheiro, defendidas pelas denominações que pregam a chamada Teologia da Prosperidade.
A grande questão é como fazer tudo isso de uma forma respeitosa e dentro do espírito de tolerância, pois, na sala de aula existe uma diversidade de crenças.
Infelizmente, muitas das religiões que possuem programas na televisão acabam por praticar a intolerância, desrespeitando as outras religiões, classificando-as com estereótipos, com preconceito, como, por exemplo com ataques aos cultos afro-brasileiros.
Será que temos uma única verdade válida e universal para todos? Com tais práticas procura-se inculcar uma ideologia na mente dos ouvintes de que essa ou aquela religião é verdadeira e as outras são todas falsas. Quem pode se afirmar como detentor da verdade absoluta?
Portanto, o professor de Ensino Religioso pode e deve trabalhar numa perspectiva pluralista, realizando uma análise da estrutura desses programas televisivos, sem assumir, no entanto, uma postura proselitista ou condenatória. Caso contrário poderá cair numa armadilha e praticar intolerância e proselitismo, desrespeitando-se, desta forma, as outras formas de crenças.
Mas diante disso, nos vem o seguinte questionamento: Como pregar a Cristo como único Senhor e Salvador sem condenar as outras crenças? Respondo: Para um bom vendedor, não há necessidade de depreciar o produto da concorrência, mas sim, enfatizar e destacar as qualidades do seu produto, demonstrando as características e benefícios do mesmo. Portanto, posso pregar a Cristo, enfatizando a Sua pessoa e Suas qualidades como Salvador pessoal, sem, no entanto, criticar ou condenar as outras formas de crença e o público é quem irá decidir a escolha.
Os autores apresentam também outros formatos e metodologias a serem trabalhadas com a disciplina de Ensino Religioso, através da análise de telenovelas, documentários, a internet, publicações, tais como jornais, revistas e livros que abordam a temática do fenômeno religioso.
Os autores finalizam o presente artigo, defendendo a criação de uma cultura de tolerância à diversidade, pois, vivemos num país ricamente abençoado por uma diversidade de crenças e práticas religiosas, onde todos podem cultuar o seu Deus, dentro das exigências de sua fé e de acordo com sua consciência, de forma respeitosa e num espírito de tolerância para com todos.

Ensino Religioso: educação pró-ativa para a tolerância

A autora, Marili Bassini, Mestre em História Cultural, doutoranda em História Cultural pelo Departamento de História, do IFCH, da Universidade de Campinas-SP, à época em que escreveu seu artigo, o qual pretende mostrar como foi desenvolvido um trabalho junto aos professores da rede pública do Estado de São Paulo, com o fim de se implementar a disciplina de Ensino Religioso, baseado na tolerância entre as escolas e as comunidades, estudando e pesquisando sobre a História das Religiões, pois, a religião faz parte do patrimônio cultural da humanidade e da diversidade cultural e no final de seu artigo apresenta uma proposta para se trabalhar o ensino religioso em sala de aula com os alunos, respeitando-se, desta forma, a pluralidade de crenças e a diversidade religiosa.
Com tal projeto, a autora procurou retirar lições e relatos de fatos cotidianos e demonstrar que a maioria dos conflitos existentes atualmente, é proveniente de questões religiosas, ou seja, muitas pessoas se matam por causa da religião e a usam como desculpa para resolver os seus conflitos políticos, econômicos e sociais.
Sabemos que a religião faz parte do patrimônio cultural da humanidade e a mesma é protegida e recebe a tutela do Estado. No entanto, muitos se utilizam da religião como pressuposto de intolerância, criando assim, práticas discriminatórias e preconceituosas contra praticantes de determinadas religiões, classificando-as pejorativamente como “seitas”.
Tal atitude não se justifica na sociedade atual, pois, conforme afirma a própria autora, “vivemos numa sociedade pluralizada, com diferentes culturas que devem ser entendidas nas suas diferenças e respeitadas da mesma forma”.
Desta forma, com os cursos implantados, procurou desenvolver a compreensão do “outro”, com sua diversidade cultural, compreendendo os seus valores e tradições inseridas em sua cultura. Tal compreensão implica em deixarmos os nossos valores e tradições rotuladas como melhores ou como o único caminho verdadeiro, para analisarmos e compararmos as outras culturas em seus campos específicos.
Assim, foram analisados vários costumes religiosos, suas datas comemorativas, festas, calendários e diversas religiões, tais como o Judaísmo, o Cristianismo, o Islamismo, estas consideradas as três grandes religiões monoteístas que possuem como Deus, Jeová, Jesus e Alá respectivamente.
O artigo enfatiza a necessidade de se trabalhar o Ensino Religioso de modo interdisciplinar, ou seja, associar o estudo de História das Religiões com outras disciplinas tais como História, Geografia, Filosofia e Ética, dentre tantas outras áreas do conhecimento. Diante disso, o Ensino Religioso, poderá ser transformado num tema transversal, onde cada professor de uma determinada disciplina poderá trabalhar sob a ótica de seu campo de conhecimento.
E, por fim, a autora em seu artigo procura desconstruir o tabu de que existe uma religião superior, ou seja, destituí-la de um caráter “natural”, com a idéia de que sempre existiu, ou de que sempre foi assim. Com isso, a autora defende a idéia que não existe nada “puro” e que a religião é o resultado da ressignificação construída a partir do contato com outras culturas e povos e tudo se resume a fenômenos e movimentos religiosos e a religião é uma construção social e cultural.
Portanto, a disciplina de Ensino Religioso pode e deve ser trabalhada, tanto no âmbito escolar, quanto na comunidade. Porém, muita coisa dependerá de atitudes de tolerância e respeito pela diversidade cultural, pois, sabemos que a religião é uma manifestação cultural, que deve ser respeitada pela sociedade.
Desta forma, podemos afirmar que não existe uma religião “superior” ou “melhor” do que a outra, pois ninguém é dono de uma “verdade absoluta” e a religião é uma construção social e cultural e, por isso, devemos praticar a tolerância para com todos, independentemente de raça, credo ou classe social.

segunda-feira, 9 de março de 2009

O Declínio da Pregação Contemporânea

Em seu excelente artigo, intitulado “O Declínio da Pregação Contemporânea”, John F. MacArthur, Jr. realiza uma crítica com relação ao tipo de pregação a que estamos expostos atualmente.
Logo de início, em seu artigo, ele faz uma comparação entre os tipos de pregação com os tipos de propagandas existentes na televisão atualmente.
A sociedade moderna considera as propagandas como as mais criativas, pois, elas falam do produto, sem, no entanto falar sobre o próprio produto. Esses tipos de comerciais apelam mais para as emoções do que para transmitir informações. Apresentam uma visão surrealista do mundo, na opinião do autor.
A televisão mescla vida real com ilusão e a verdade acaba se tornando irrelevante. Ela serve mais para entreter e divertir do que na verdade estimular os telespectadores a pensarem, transmitindo informações irrelevantes e sem significado.
Na opinião do autor, a televisão acaba sendo um teatro, com a banalização das informações e a descontextualização das mesmas.
O autor apresenta uma crítica severa ao declínio da pregação contemporânea, citando a resenha de um livro do professor da Universidade de Nova Iorque, Neil Postman, onde o mesmo aborda este assunto.
Na realidade, atualmente já não existem pregadores como antigamente, tais como Edwards, Whitefield dentre outros. Estes pregadores eram homens com profundo conteúdo teológico, lógica e conhecimento das Escrituras.
Em contraste, o autor critica a pregação atual como superficial, com ênfase no estilo do pregador e nas emoções. A pregação moderna não está cumprindo com o seu papel essencial, que é ensinar, repreender, corrigir e educar na justiça e alimentar espiritualmente o povo de Deus, conforme expostos nas Escrituras Sagradas.
O autor afirmar em seu artigo que a pregação contemporânea está mais preocupada com entretenimento, do que com o ensino de doutrinas, da Palavra da Verdade, e a maior parte das pregações é perda de tempo e ensino de futilidades.
A pregação contemporânea não está cumprindo com o seu papel de comunicar, tal como deveria ser a sua essência, que é a comunicação e pregação ordenada das Escrituras, da sã doutrina, expondo a verdade divina com atenção e raciocínio lógico, sem apelar para as emoções, pois, os ouvintes não sabem ouvir a palavra corretamente e negam-se a ouvir a Palavra da Verdade.
Daí a necessidade de se realizar pregações baseadas na Palavra de Deus, sem superficialidade, entretenimento e sem apelar para emoções e sim para a razão, para a verdade lógica do Verbo Divino.

Fatos Históricos do Ensino Religioso

Em nossa opinião, a disciplina de ensino religioso ocupa um espaço polêmico desde a promulgação da primeira constituição no Brasil. Naquela época, o ensino religioso servia mais como aparelho ideológico, ou seja, não havia a separação entre Igreja e Estado, pois não se podia falar em liberdade religiosa, pois a religião predominante era a Igreja Apostólica Romana e o ensino religioso encontrava-se sob o monopólio da mesma.
Nas constituições seguintes, com a influência do Liberalismo, o Estado afasta a Igreja e acaba assumindo a responsabilidade e o aparelho ideológico da disciplina de ensino religioso. Essa disciplina ora era considerada como matrícula facultativa nas escolas e ficava à escolha da confissão religiosa do aluno, ora era considerada como de matrícula facultativa e obrigatória constar no quadro de disciplinas escolares. Isso dependia muito do momento histórico e político e dos governantes em que se encontrava o país.
Podemos afirmar que a disciplina de ensino religioso sempre ocupou um espaço polêmico e a sua obrigatoriedade variava de acordo com o aparelho ideológico dominante da época. Sabemos da importância do ensino religioso nas escolas públicas, porém, não podemos deixar que a mesma se torne como instrumento de aparelho ideológico pela elite dominante, para disseminar as suas idéias. A disciplina de ensino religioso deve ser ensinada pelas escolas públicas, desprovida de dogmas e doutrinas, pois, se agirmos ao contrário, estará invadindo a seara da individualidade de cada cidadão, infringindo assim na sua liberdade de crença, de culto, de opinião e da liberdade religiosa, o que será inadmissível no país em que vivemos devido a grande diversidade religiosa existente.

Ensino Religioso: Área de Conhecimento e Legislação Vigente

Já não me recordo mais as minhas experiências nas aulas de ensino religioso quando era aluno do ensino fundamental, pois já faz um bom tempo, em torno de uns vinte anos que terminei o ensino fundamental e nem sei se naquela época havia a obrigatoriedade dessa disciplina constar no quadro das disciplinas escolares.
Com respeito às leis que tratam do ensino religioso em sala de aula, a Lei de Diretrizes da Educação Básica, a LDB e a Lei de Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental, as quais têm por finalidade regulamentar o ensino religioso nas escolas públicas e a sua prática pedagógica, realizamos uma breve análise e crítica ao final do presente trabalho.
De acordo com a legislação vigente, a disciplina de ensino religioso deverá ser de matrícula facultativa, porém, deverá ser obrigatório a mesma constar do quadro de disciplinas escolares. A disciplina de ensino religioso será parte integrante na formação básica do cidadão e constituirá do quadro normal de disciplinas oferecidas pelas escolas, pois a mesma faz parte de um dos diversos ramos do conhecimento humano, com o objetivo de se formar cidadãos, ensinar valores éticos e morais, sem nenhuma forma de proselitismo, ou seja, deve-se respeitar a diversidade de crenças, sem influenciar, fazer apologia ou ensinar doutrinas de uma religião específica.
Para que isso aconteça, a disciplina de ensino religioso deverá ser ensinado por um profissional devidamente habilitado, com formação específica nesta área de conhecimento e não por pessoas leigas, justamente para que não ocorra o proselitismo.
A legislação vigente deixa claro que a disciplina de ensino religioso deverá ser tratada com a mesma consideração que é dispensada para as outras disciplinas em sala de aula. No entanto, podemos constatar que tal afirmação não representa a realidade nas escolas, pois o ensino religioso é tratado com indiferença por algumas escolas. Isso acontece quando um professor não preenche sua carga horária e a escola lhe repassa a disciplina de ensino religioso para que o mesmo possa completar a sua carga horária. Às vezes, o professor até possui boa intenção, mas não possui nenhum tipo de qualificação, nem tampouco conhecimento das normas aplicáveis ao ensino religioso.
Outro questionamento que surge é qual o ramo de conhecimento irá preparar professores para o ensino religioso? Será o curso de Pedagogia, Filosofia, Teologia, História, Sociologia ou Ciências da Religião? Cremos que a última opção seria a opção mais correta, porém existem pouquíssimos cursos no Brasil nessa área de conhecimento. Diante de todo o exposto, podemos afirmar que muito ainda falta fazer para que a disciplina de ensino religioso seja tratada com respeito pelas escolas. No entanto, o que podemos constatar, a legislação específica de ensino religioso está encaminhando para que isso aconteça. Além disso, muito dependerá também de um reconhecimento por parte de toda a sociedade, escola, família e igreja, da importância dessa disciplina na formação básica do cidadão, dotando-os de valores éticos e morais, contribuindo, desta forma, para uma sociedade mais justa, igualitária e fraterna que respeite a diversidade cultural existente em nosso país.