sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

A Doutrina da Trindade (Alister McGrath)

O texto de McGrath afirma em sua introdução que “a doutrina da Trindade é, sem dúvida alguma, um dos assuntos mais complexos da teologia cristã e requer uma cuidadosa discussão”.
Ele nos apresenta os fundamentos bíblicos da Trindade, tanto do Antigo Testamento quanto do Novo Testamento, seu desenvolvimento histórico, os termos e as idéias utilizadas no início e faz uma abordagem ocidental da Trindade.
Destaca duas heresias mais conhecidas por modalismo ou monarquianismo, patripassionismo e triteísmo.
Essas doutrinas enfatizam que um único Deus se revelou pessoalmente para nós de distintas maneiras e em distintas épocas.
De acordo com este pensamento, Deu é “o Pai”, “o Filho” e, “o Espírito Santo”. Dessa forma, o Pai sofre juntamente como o Filho e, com isso não existe nenhuma distinção fundamental ou essencial entre o Pai e o Filho. É a crença de que o único e supremo Deus age de distintas maneiras em distintas épocas da história.
O autor nos apresenta também o “Triteísmo”, uma doutrina defendida pelos pais capadócios, Basílio de Caesaréia, Gregório de Nazianzo e Gregório de Nissa, produzidos no final do século IV, onde defendem a Trindade constituída por três seres iguais, independentes e autônomos, cada um dos quais é divino.
E, por fim, nos apresentam seis abordagens clássicas e modernas sobre a Trindade defendida pelos Capadócios, Agostinho de Hipona, Karl Barth, Robert Jenson, John Macquarrie e a controvérsia Filioque e conclui o capítulo dando o seu posicionamento à respeito da Trindade com base nas ideais gregas e latinas, as quais defendem a posição do Pai, do Filho e do Espírito Santo. De acordo com a leitura que realizamos pudemos constatar que a doutrina da Trindade, apesar de todas as explicações e de estar bem estabelecida e fundamentada no Cristianismo como uma importante doutrina a respeito de Deus, ela ainda permanece como uma fonte de discussão entre os cristãos ocidentais e orientais, que, na opinião do autor e nossa também, nos parece pouco provável de ser removida em um futuro próximo.

A Doutrina de Deus (Alister McGrath)

A Doutrina de Deus, em nossa opinião, mostra-se como um dos aspectos mais complexos da Teologia Cristã, como o próprio autor afirma na introdução de seu texto sobre a Doutrina de Deus.
Realizamos a leitura do presente capítulo e a seguir destacaremos as impressões que obtivemos do mesmo.
Atualmente, existem vários métodos de interpretação da Bíblia, a Palavra de Deus, tais como o método histórico, histórico-crítico, filosófico, idealista, feminista, etc.
Um dos métodos que destacamos é o método de interpretação feminista, que procura apresentar e compreender Deus com os atributos e características femininas. Diante disso, nos vêm à mente os seguintes questionamentos: Deus possui sexo? É possível definir a qual gênero Deus pertence?
Acreditamos que, assim como os anjos, Deus não é nem masculino, nem feminino. No entanto, Ele possui características de um pai e também de uma mãe, pois o ser humano relaciona-se com Ele, ora como se fosse um pai, ora como se fosse uma mãe, conforme passagens bíblicas.
Outra impressão que tivemos é com relação ao fato de termos um relacionamento pessoal com Deus. Como Deus pode ser ao mesmo tempo uma pessoa e três pessoas? Aí é que entra a complexa e polêmica Doutrina da Trindade. Complexa porque o ser humano possui uma mente finita e nela não há lugar para a compreensão de um Deus Triúno. Polêmica pelo fato de até os nossos dias tal doutrina gerar tanta controvérsia, pois ainda existem movimentos religiosos que defendem veementemente que foi o próprio Deus quem morreu na cruz (Patripassionismo, Sabelianismo ou Modalismo).
Será que Deus pode sofrer e morrer, já que Ele possui atributos divinos, tais como a onipotência, onipresença e a onisciência? São estas questões que consideramos polêmicas e complexas que o autor nos apresentou, baseando-se em autores clássicos, tal como Tomás de Aquino, o qual fundamentou toda a sua teologia no pensamento aristotélico.
O que sentimos falta no texto sobre a Doutrina de Deus foi a falta de uma base mais escriturística, pois a autor baseou-se mais em teorias filosóficas à respeito de Deus. Acreditamos num princípio protestante chamado Sola Scriptura, onde é destacada a veracidade das Escrituras Sagradas como autoridade em matéria doutrinária.
Sabemos que Deus existe, através das obras de Suas mãos, a criação, a natureza e através da própria Escritura.
Deus pode ser conhecido através de um relacionamento pessoal com o ser humano e nos envolver como um todo e não apenas intelectualmente.
Através das evidências bíblicas, da criação, dos Seus nomes bíblicos, de Sua atividade, de Seus atributos e de Sua soberania, obtemos o pleno conhecimento e verdadeiro a respeito de Nosso Deus e Salvador.
Podemos resumir Deus numa só palavra: “Amor”. Se Deus não tivesse amor, não teria se compadecido da humanidade e elaborado o plano da redenção através de Seu Filho, Jesus Cristo.
Sabemos que tudo o que Deus fez, foi com o objetivo de salvar a humanidade, mesmo antes de o homem pecar, Deus já havia planejado tudo, pois ele é onisciente. Muitas perguntas a respeito de Deus foram feitas e ainda são feitas na atualidade. Algumas foram respondidas e muitas ainda encontram-se sem respostas. Porém, isso não é obstáculo para O conhecermos e termos um relacionamento pessoal com Ele. Existem mistérios inexplicáveis ao ser humano e somente na eternidade, estas perguntas poderão ser respondidas, com plena certeza.

O Conhecimento de Deus: Natural e Revelado (Alister McGrath)

O excelente texto de McGrath inicia o capítulo fazendo questionamentos sobre como podemos conhecer a Deus, quais as evidências no mundo natural e como Deus pode ser concebido.
O presente capítulo nos apresenta fundamentalmente o tema da revelação, seu conceito, suas formas de revelação, a perspectiva de autores clássicos tal como Tomás de Aquino, Calvino, a Tradição Reformada e conclui com algumas objeções teológicas e filosóficas com relação à Teologia Natural como forma de se conhecer a Deus, baseadas nos argumentos de Barth e Plantinga.
No presente resumo abordará sucintamente estes conceitos.
O conceito de revelação - É possível conhecermos a Deus? Há necessidade de dizermos como Deus é?
Estas são perguntas que para respondermos, devemos ter uma noção do que vem a ser revelação. O texto nos apresenta uma diferença básica entre “saber algo a respeito de alguém” e “conhecer alguém” pessoalmente. Existe um consenso entre os teólogos de que Deus pode ser revelado através da natureza (ou criação), a qual testemunha a respeito de Deus e através de Sua palavra, as Escrituras Sagradas.
De acordo com o autor, a idéia de revelação envolve a noção de relacionamento pessoal e não apenas um conhecimento intelectual. Em sentido amplo, de acordo com McGRath, o conceito de revelação não significa mera transmissão de um conjunto de conhecimentos, mas sim a manifestação pessoal de Deus na história. O clímax da revelação se dá com o nascimento, morte e ressurreição de Jesus Cristo. Ele é a auto-revelação de Deus.
Formas de revelação - Como se dá a Revelação? Como Deus se auto-revela ao ser humano? De acordo com o autor existem diversas tentativas de se explicar como Deus se auto-revela ao ser humano.
De acordo com McGrath, Deus pode se revelar através da Doutrina, de sua Presença, através da Experiência com o ser humano, da História e através da Teologia Natural.
A doutrina como revelação - O Autor apresenta duas visões: uma católica e outra protestante da doutrina como revelação.
A visão católica afirma que Deus se revela através das Escrituras e da Tradição, tanto oral, quanto escrita, em particular na autoridade e no ensino da igreja (o magistérium), conhecimentos este acumulados pela igreja através dos anos.
Na visão protestante, Deus se revela através da Bíblia, com seus conjuntos doutrinários. Ele cita J.I. Packer como um dos defensores desta idéia. De acordo com Packer, os homens podem compreender o desenrolar da história da salvação através dos oráculos de Deus, baseados em Sua Palavra escrita.
McGrath apresenta em contraposição, a idéia de Barth, o qual afirma que a Bíblia não é revelação em si mesma, ela representa um testemunho da revelação. A sua ênfase recai sobre aquele de quem as Escritura dão testemunho, Jesus Cristo, e não o texto bíblico em si. Barth defendia uma relação pessoal com o autor a Bíblia e não somente uma relação intelectual.
De acordo com o autor, estas formas de revelação não precisam necessariamente ser excludentes, mas complementares entre si.
A Presença como Revelação - Os defensores desse modelo de revelação são principalmente os escritores da escola dialética, influenciados pelo personalismo dialógico de Martins Buber e Emil Brunner, os quais defendem a noção de revelação como comunicação pessoal de Deus, ou seja, a revelação da presença pessoal de Deus no interior daquele que crê. Eles afirma que há uma auto-revelação de Deus, Sua auto-manifestação própria ao ser humano. A Revelação é concebida um relacionamento que traz vida e transformação na vida do crente.
A Experiência como Revelação - Este modelo concentra-se em torno da experiência humana com Deus. Entende-se Deus como alguém que se revela ou dá a conhecer por intermédio a experiência pessoal. Teve como origem, o protestantismo liberal alemão do séc. XIX, tendo como expoentes e defensores Schleiermacher e Ritschl. Ambos dão uma ênfase especial a devoção pessoal a Jesus Cristo e à importância de uma consciência pessoal da conversão. Teve o metodismo como defensor desse modelo, o qual enfatizava a religião experimental, uma fé viva e o resultado desse modelo foi uma teologia profundamente baseada numa perspectiva romântica e uma ênfase na questão do papel da consciência e do sentimento religioso do indivíduo.
A História como Revelação - Este modelo tem como principal autor, Pannenberg, o qual se concentra no tema da “revelação como história”.
De acordo com este autor, a teologia cristã baseia-se na análise da história universal e conhecida, e não na subjetividade interna da existência humana pessoal ou em uma interpretação particular dessa história.
Apresenta sete teses dogmáticas sobre a doutrina da revelação, a qual defende que a revelação e essencialmente um evento histórico notório e universal, reconhecido e interpretado como “ato de Deus”.
A Teologia Natural: seus limites e seu alcance - A Teologia Natural possui crescente relevância, em razão do interesse na promoção de um diálogo entre a teologia cristã e as ciências naturais.
De acordo com as Escrituras Sagradas, Deus se revela através das obras de sua criação. Podemos constatar esse pensamento no livro de Salmos 19:1 “os céus declaram a glória de Deus; o firmamento proclama a obra de suas mãos”. Um dos defensores desse modelo foi Tomás de Aquino, teólogo e filósofo católico.
A perspectiva de Tomás de Aquino sobre a questão da Teologia Natural - Com a obra Summa contra gentiles, Tomás de Aquino apresenta a possibilidade de se entender a existência de uma relação entre Deus e a criação, o qual analisa em termos de causalidade e semelhança (similitude) com Deus, baseado no pensamento aristotélico, pois, de acordo com este pensador, Deus é a causa do mundo e de tudo o que nele foi criado.
De acordo com o pensamento de Aquino, se Deus criou o mundo, é possível, portanto, encontrar a sua “assinatura” em sua criação, manifestada através de seus atributos divinos, tais como, a perfeição e a beleza de Sua criação, pois, conforme o livro de Gênesis, tudo o que Deus criou era bom e perfeito. Podemos, assim, afirmar que a criação possui as digitais do Criador.
A perspectiva de Calvino sobre a questão da Teologia Natural - Calvino, reformador protestante, autor da obra as Institutas, em seu primeiro volume, indaga: como podemos saber algo sobre Deus?
Calvino afirma que é possível discernir um conhecimento geral de Deus por toda a criação, na humanidade, na natureza e no processo histórico em si.
Ele divide este sistema em subjetivo e objetivo.
Subjetivamente, o homem possui o “senso divino” (sensus divinitatis) ou uma “semente da religião (sêmen religious), onde Deus plantou em cada ser humano". É como se o conhecimento de Deus fosse inato ao ser humano.
Objetivamente, através da razão, qualquer pessoa pode, independente de ser cristã ou não, por intermédio de uma reflexão inteligente e racional acerca da criação, deve ser capaz de alcançar a noção de Deus.
Assim, Deus se revela ao ser humano, no plano subjetivo e objetivo. Deus age através da razão, baseado nas coisas visíveis de sua criação e também no plano subjetivo, através da consciência de Sua existência.
A perspectiva da tradição reformada sobre a questão da Teologia Natural - Nesta perspectiva, Deus se revela à humanidade de duas maneiras: primeiramente, através de suas obras, em sua criação, controle e conservação. E, em segundo, através de Sua Palavra, revelada pelos oráculos e registrada nos livros sagrados, chamados de Escrituras Sagradas.
Portanto, de acordo com o pensamento reformado, Deus se revela também por intermédio da natureza e por intermédio das Escrituras. A segunda forma é mais clara e mais completa do que a primeira.
Abordagens à percepção de Deus por intermédio da natureza - De acordo com esta abordagem, a doutrina da criação fornece a base teológica para a idéia de um conhecimento natural de Deus.
No entanto, surge uma pergunta: em que parte da criação podemos detectar a presença de Deus?
De acordo como autor, o homem pode detectar a presença de Deus na natureza por intermédio da razão humana, da ordem da natureza e através da beleza do mundo.
Objeções à Teologia Natural - Apesar de termos abordado estas importantes teorias, existem outras possibilidades de se conhecer Deus. Esta concepção encontra-se baseada na teoria dos pensadores Karl Barth e Plantinga, os quais criticam o modelo da Teologia Natural defendida pela maioria dos teólogos e filósofos.
Karl Barth: uma objeção teológica - Barth faz uma severa crítica à obra de Brunner, intitulada Natureza e Graça, a qual defendia o retorno da nova geração de teólogos a uma autêntica teologia natural.
Barth critica o fato de Brunner defender o ponto de vista de que a natureza humana necessita um “ponto de contato” que torna possível a revelação divina.
Para Barth, “O Espírito Santo... não necessita de outro ponto de contato, além daquele que esse mesmo Espírito estabelece”. Para ele, não havia qualquer “ponto de contato” que fosse inerente à natureza humana.
Alvin Plantinga: uma objeção filosófica - Surgiram outras objeções por parte do protestantismo, em contraposição a idéia de uma “teologia natural”, através de um filósofo da religião chamado Alvin Plantinga, ligado à tradição reformada.
Alvin Plantinga e Nicholas Wolterstorff enxergam a teologia natural como tentativa de se provar ou demonstrar a existência de Deus.
Tais objeções podem ser sintetizadas através de duas considerações:
1) que a teologia natural parte do pressuposto de que a fé em Deus deva se basear em evidências. De acordo com estes pensadores, a fé não seria uma crença básica, evidente e inerente, sendo que deveria ser captada pelos sentidos. No entanto, de acordo com Plantinga, uma abordagem cristã adequada declara que a fé em Deus é básica em si mesma, não necessitando ser justificada por outras crenças.
2) Que a teologia natural não é justificada, no que diz respeito à tradição reformada, inclusive para Calvino e seus adeptos posteriores.

Considerações Finais - Entretanto, de acordo com o pensamento de McGrath, a teologia natural não pretende provar a existência de Deus, mas pressupor essa existência; ela, portanto, pergunta: “Como seria o mundo natural se tivesse realmente sido criado por esse Deus”? Sabemos que a criação revela o seu autor. Toda a criação revela as digitais do Criador.
Diante o exposto acima, pudemos verificar a existência de várias teorias sobre o conhecimento de Deus e sua revelação a nós, seja através da teologia natural ou das várias formas de revelação.
Aprendemos que Deus pode se revelar ao ser humano de várias formas, seja através de Sua Palavra, da Natureza, da Doutrina, de Sua presença, da Experiência e da História.
Creio que para nós, não importa tanto a forma como Deus se revela, mas sim, que temos a certeza de que ele realmente se revela a cada de um de nós e, por isso, somos indesculpáveis.
Deus se auto-revelou para nós através de Seu Filho Encarnado, o Nosso Salvador e Senhor Jesus Cristo, o qual nasceu, viveu entre nós, morreu e ressuscitou para nos resgatar do pecado e nos conduzir à vida eterna.

A participação do Espírito na experiência de salvação

Temos conhecimento de que o Espírito Santo exerce uma enorme influência em nossa vida espiritual e contribui com importante papel para a nossa salvação eterna.
O Espírito Santo nos convence de nossa vida pecaminosa a partir do momento em que aceitamos a Jesus como nosso salvador pessoal. Ele nos constrange e faz com que nos arrependamos da vida que tínhamos antes de conhecermos a Jesus Cristo como Senhor e Salvador. É nesse momento que ocorre a conversão, mudança de direção e de vida.
A partir do nosso batismo, ocorre um novo nascimento, aceitamos a presença do Espírito Santo em nossa vida e, com isso, inicia-se o processo de salvação, através da regeneração, santificação e culmina com o processo de glorificação, momento este quando somos transformados pelo poder e glória de nosso Senhor Jesus Cristo quando da sua volta. Com a experiência da regeneração, somos mortos para o mundo e vivificados para as coisas espirituais. Já não somos mais nós quem vivemos, mas Cristo que vive em nós, sentimos paz com Deus e o nosso coração é confortado com a presença do Espírito Santo. Com esta presença, sentimos alegria e paz duradoura. Mesmo que o mundo caia ao nosso redor, sentimos paz em todos os aspectos de nossa vida, quando realmente temos a experiência da salvação, influenciada pela divina ação e o importante papel que exerce o Espírito Santo em nossa vida cristã. Os nossos objetivos já não se encontram nesse mundo, mas nos valores do Reino de Deus. Buscamos, pois, com isso o Reino de Deus e a sua justiça e não somente as coisas materiais. A nossa vida torna-se pautada pelos valores eternos, pois “nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus”.

O Espírito de Deus nas tradições bíblicas

Com base na Palavra de Deus, realizamos uma análise gramatical concernente às palavras Espírito, espírito e Espírito Santo, tanto no Antigo Testamento, quando no Novo Testamento.
No Antigo Testamento, a primeira passagem bíblica que apresenta a palavra Espírito encontra-se no livro de Gênesis, especificamente em Gênesis 1:2 “A terra, porém, estava sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus pairava por sobre as águas”.
Nesta passagem podemos identificar que o Espírito refere-se a Deus, ou seja, ao sopro de vida de Deus. Quando do processo da criação, Deus, ao criar o homem disse: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança...” (Gênesis 1:26). Isso indica que a palavra fazer encontra-se no plural. Daí podemos constatar que as três pessoas da divindade, Deus Pai, Jesus Cristo o Filho e o Espírito Santo, chamado de Espírito de Deus, estavam presentes no processo da criação.
No Antigo Testamento podemos encontrar várias indicações da atuação do Espírito de Deus. Ele participou do processo de criação e toda a vida se originou a partir dele. Neste sentido, podemos afirmar que o Espírito está relacionado à manifestação da vida, gerador de vida, como processo de criação e recriação. Toda a criação é fruto e expressão do próprio Deus. Podemos encontrar as marcas de Deus na natureza, através da beleza do universo e nos seus mínimos detalhes e a grandeza da majestosa obra da criação de Deus. Tudo o que existe foi criado pelo nosso Deus para o benefício de suas criaturas. Podemos também chamar isso de graça e misericórdia de Deus.
A Bíblia ora apresenta a palavra Espírito escrita em letra maiúscula. Quando isso ocorrer está se referindo ao Espírito de Deus. Quando aparecer na letra minúscula está se referindo ao espírito do homem. Quando apresentar a palavra em maiúsculo Espírito Santo está se referindo a uma das pessoas da trindade divina.
No Novo Testamento podemos identificar estas variações em vários livros, mas principalmente nos escritos do apóstolo Paulo, existem inúmeras passagens bíblicas ora apresentando espírito, Espírito de Deus, Espírito e Espírito Santo.
O Espírito Santo no Novo Testamento possui a função primordial de convencer o pecador de sua vida errante, levando-o ao arrependimento para a salvação eterna de Deus. Possui também a função de capacitar o povo para a expansão do Reino de Deus, mover corações, batizar, guiar, consolar, inspirar, motivar e edificar a igreja para o cumprimento do propósito eterno de Deus, cumprir a missão de levar o Evangelho do Reino a toda a criatura e em todos os cantos da Terra.
Com relação aos dons Deus concedeu a todos nós, independentemente de qualquer situação, pois existe uma diversidade de dons e talentos e todos foram dados com vistas ao aperfeiçoamento dos santos, para a edificação do corpo de Cristo, a Igreja de Deus.
Diante da diversidade de dons, será que existe uma escala de importância entre eles? Infelizmente, frequentemente observamos uma grande ênfase em êxtases e denominadas manifestações espirituais das mais diversas, tais como falar em línguas, dons de cura, pular, dançar, gritar, imitação de animais, possessão de cristãos e diversas outras formas de expressão das denominadas manifestações do espírito.
O Novo Testamento nos apresenta outros dons tais como os de ensinar, aconselhar, o dom de profetizar e, no entanto, eles não são frequentemente enfatizados. Será que Deus supervaloriza somente o falar em línguas e os dons de cura em detrimento desses outros dons? Deixo esta indagação para reflexão. Diante disso, podemos concluir que todos os dons espirituais, sem exceção, foram dados a cada um conforme a vocação dos que foram chamados, com o objetivo de aperfeiçoar os santos e edificar a Igreja de Cristo a serviço do seu Reino.

A Autonomia do Espírito da Palavra

Temos conhecimento de que o Espírito a todos dá o devido discernimento. Ele é a força ativa, sopro divino, autoridade e poder de Deus. Ele é Deus. Ele intercede por cada um de nós e nos convence do pecado. Recebemos a iluminação e a inspiração do Espírito Santo para interpretarmos as Escrituras. Sem Ele é impossível compreendermos a Palavra de Deus.
Através da influência do Espírito Santo é que somos motivados a obedecermos a Palavra de Deus. Mas quando podemos saber se é o Espírito quem está nos inspirando? O nosso padrão e regra de fé devem estar de acordo com a Palavra de Deus.
No entanto, percebemos que por causa da livre interpretação das Escrituras Sagradas é que têm surgido ultimamente muitas divisões e uma infinidade de denominações a cada dia. Qual deve ser então o parâmetro, a norma de conduta e a regra para não incorrermos em erros e em heresias, já que o “Espírito está além de qualquer uma de nossas interpretações que julgamos ser verdadeira”? Esta é uma pergunta bastante intrigante, já que existem vários métodos de interpretação e todos são limitados. Até o momento não identificamos um método cem por cento seguros, próximo da realidade e intenção do autor, seja ele qual for, apesar dos esforços dos exegetas e hermeneutas.
Concordo plenamente que temos de construir uma pneumatologia que respeite a liberdade de interpretação, porém, que seja construída com responsabilidade, sem confusão, pois o Espírito a todas as coisas perscruta, pois é Espírito de revelação, de sabedoria e de conhecimento.
Caso contrário, a livre interpretação das Escrituras Sagradas poderão se transformar em anarquia e, consequentemente incorrerá em heresias, sendo que tais erros são contrários a uma sã doutrina cristã. Portanto, o padrão normativo continua sendo a Palavra de Deus, como regra de fé e prática para a vida cristã. Ela é a norma mais elevada, o padrão e a essência para julgarmos a livre interpretação da Palavra de Deus, com autonomia do Espírito da Palavra.

Os movimentos pentecostais como desafios para reflexão pneumatológica

Partindo do pressuposto de que os “nossos conceitos ou reflexões sobre o Espírito estarão limitados às interpretações que nós fazemos de nossas experiências de fé”, realizarei uma reflexão a partir de um ponto de vista pessoal e de uma experiência de fé individual e particular.
Antes de minha conversão como evangélico, cheguei a morar em frente a uma igreja pentecostal e tal experiência não me agradou, pois fazia muito barulho e creio que o nosso Deus não é surdo! Isso acabou criando em mim certa aversão a estes tipos de cultos e acredito que Deus me encaminhou para uma igreja que possuía uma liturgia mais calma, característica mais próxima de minha personalidade, pois tenho prazer em meditar na presença do Senhor de forma tranqüila e aprendi a meditar na Sua Palavra e ouvir a sua voz na bonança da tranqüilidade. Deus é um Deus de ordem e o nosso culto deve ser um culto racional e devidamente organizado!
Atualmente vivemos num período em que as nossas “experiências espirituais são fortemente enfatizadas e valorizadas”. É o emocional em detrimento do racional.
Infelizmente, muitos cristãos atuais estão em busca de êxtase espiritual, pois as igrejas tradicionais já não estão conseguindo mais reter os seus membros. As igrejas pentecostais e neo-pentecostais estão oferecendo “produtos mais atraentes", ou seja, promessas de cura, de libertação e prosperidade financeira, produtos estes pouco encontrados nas igrejas históricas tradicionais, na opinião de seus defensores.
Estamos numa época de “mercado religioso”, como se estivéssemos numa gôndola de supermercado, podendo escolher ao nosso bel prazer as “mercadorias” a nossa disposição.
Vivemos num período de intenso trânsito religioso, onde já não conseguimos detectar diferenças doutrinárias, principalmente nas igrejas pentecostais e neo-pentecostais, onde membros de uma determinada denominação, quando se mudam para outra cidade, começam a freqüentar outra igreja sem nenhum tipo de restrição de consciência, como se estivessem na sua própria denominação, pois as barreiras doutrinárias quase já não existem, pois todas estão a caminho de uma uniformização doutrinária. Existem poucas diferenças apenas nos usos e costumes, porém, a ênfase é a mesma: um forte apelo emocional em detrimento do racional. Isso é um caminho aberto para a união das igrejas e para o ecumenismo.
Com o crescimento do ecumenismo, as minorias religiosas que não se acomodarem e não concordarem com as práticas religiosas da maioria será perseguido novamente e, com isso, haverá um retorno ao período medieval, onde vários cristãos foram perseguidos e mortos porque não se coadunaram com as práticas e com o pensamento dominante da época, pois enfatizaram a verdade da Palavra de Deus, em detrimento dos costumes e tradições religiosas.
Estamos vivendo numa “onda do Espírito”, como afirmam os defensores dessa doutrina. Porém, temos que avaliar que tipo de “espírito” está atuando nas igrejas.
A valorização da experiência sobre a crença e a ênfase nas emoções sobre a razão parecem motivos intrínsecos suficientes para o crescimento acelerado do movimento pentecostal.
O nosso inimigo é astuto e antes que venha o real derramamento do Espírito Santo sobre a igreja de Deus, haverá um movimento de contrafação, pretendendo possuir o poder do Espírito. A Palavra de Deus nos adverte que assim como há dons verdadeiros, também pode haver falsos dons e falsos profetas que provocarão fanatismo e um falso excitamento, operando sinais e maravilhas e, diante de nossos olhos operarão curas e milagres espetaculares.
Diante dessa realidade, não devemos nos surpreender com o crescimento das igrejas pentecostais. Um movimento que se iniciou nos EUA, um país protestante, já possui uma contrafação dentro da própria Igreja Católica, através do movimento de Renovação Carismática e que no futuro acabará servindo como um agente ecumênico, quebrando assim as barreiras existentes entre católicos e protestantes.
Portanto, só resta uma conclusão e para isso devemos refletir nas palavras proféticas de Jesus em João 16:13: “Quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda verdade...”. Oremos ao nosso Deus, para que Ele possa nos guiar a toda a verdade, baseada em Sua Palavra e estejamos preparados contra as ciladas do inimigo. Amém!

A hermenêutica da ressurreição: fato histórico ou experiência de fé?

Toda a fé cristã depende do estudo da Cristologia. A divindade de Jesus e a sua ressurreição é a base, o fundamento, sentido e a razão da fé cristã. Existem muitas coisas na Bíblia que a sua prova cientificamente torna-se difícil ou até impossível. Como provar que Jesus não ressuscitou, já que não conseguiram encontrar o seu corpo físico? Ou ao contrário, como provar que Ele ressuscitou? Neste caso, devemos aceitar este assunto pela nossa experiência de fé, mas ao mesmo tempo com a razão, pois o apóstolo Paulo afirma que “se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação e vã a nossa fé... e ainda permaneceis nos vossos pecados”. (I Cor. 15-14-17).
Toda a experiência de fé cristã está baseada na ressurreição física de Jesus Cristo. Ele ressuscitou fisicamente, conforme o relato de Lucas 24:36-43 e em João 20:19-23. Ele ressuscitou e subiu aos céus na qualidade de Deus-homem e iniciou a sua importante obra intercessória como nosso Mediador e Sumo Sacerdote e como nosso Advogado junto a Deus Pai. (Hebreus 8: 1 e 2).
O apóstolo Paulo, divinamente inspirado pelo Espírito Santo, afirmou no livro de Atos:
Ditas estas palavras, foi Jesus elevado às alturas, à vista deles, e uma nuvem o encobriu dos seus olhos. E, estando eles com os olhos fitos no céu, enquanto Jesus subia, eis que dois varões vestidos de branco se puseram ao lado deles e lhes disseram: Varões galileus, por que estais olhando para as alturas? Esse Jesus que dentre vós foi assunto ao céu virá do modo como o vistes subir. (Atos 1: 9-11). [1]

Philip Schaff, um renomado teólogo sistemático, escreveu que “a ressurreição de Cristo é enfaticamente uma questão-teste da qual depende a genuinidade ou a falsidade da religião cristã. Ela é o maior milagre ou o maior engano registrado pela História”. [2]
Dentro da mesma linha de pensamento, outro destacado teólogo, chamado Willbur Smith afirmou:

“A ressurreição de Cristo é a própria cidadela da fé cristã. Esta é a doutrina que subverteu o mundo no primeiro século, que ergueu o cristianismo acima do judaísmo e das religiões pagãs do mundo mediterrâneo. Assim sendo, dela depende praticamente tudo aquilo que é vital e singular no Evangelho do Senhor Jesus Cristo: ‘Se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé’ (I Cor. 15:17). [3]

Diante dos textos expostos acima, somente podemos chegar à seguinte conclusão: Que Jesus Cristo ressuscitou literalmente, depois de quarenta dias ainda apareceu aos seus discípulos e várias testemunhas oculares puderam comprovar o seu aparecimento. As suas mãos e os seus pés ainda conservavam as marcas de seu sofrimento na cruz. Não há como negar estes fatos biblicamente. A ciência poderá até querer explicar através da razão, mas pela fé os cristãos acreditam nos fatos narrados na Palavra de Deus.
A ressurreição de Jesus Cristo apresenta a esperança para nós, seus seguidores, de que em breve todo o mal, enfermidades, fomes, pestes, violência, serão banidas da face da terra, pois a ressurreição é um fato restaurador, é uma realidade para os crentes que acreditam que todas as coisas serão restauradas aos estado original. Jesus venceu a morte! Ainda que morramos nesta vida, podemos ter a certeza absoluta, se crermos na ressurreição de Cristo e no sacrifício que Ele fez por nós na cruz, na certeza da vida eterna e na restauração de todas as coisas. Maranata vem logo, Senhor Jesus! Amém!


[1] A Bíblia Sagrada. Traduzida em Português por João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada no Brasil. 2. ed. Barueri – SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993.
[2] Phillip Schaff, History of the Christian Church - Grand Rapids, MI: Wm. B. Eerdmans, 1962, vol. 1, p. 173.

[3] Willbur M. Smith, “Twentieth-Century Scientists and Resurrection of Christ”, Christianity Today, 15 de abril de 1957, p. 22.

O debate hermenêutico sobre a morte de Jesus: morreu pelos pecados ou por causa dos pecados?

Conforme a leitura do texto que realizamos, “sempre falaremos e pensaremos nossas cristologias a partir de nossas experiências de fé”.
Foi com base na minha experiência de fé que defendo que Jesus Cristo morreu pelos meus pecados e de toda a humanidade.
Senão, vejamos o que a Palavra de Deus diz a respeito. O profeta Isaías, no Antigo Testamento nos esclarece a esse respeito:

Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados” ... Todavia, ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade e prolongará os seus dias; e a vontade do Senhor prosperará nas suas mãos... Por isso, eu lhe darei muitos como a sua parte, e com os poderosos repartirá ele o despojo, porquanto derramou a sua alma na morte; foi contado com os transgressores; contudo, levou sobre si o pecado de muitos e pelos transgressores intercedeu. (grifos nossos). (Isaías 53: 5,6, 10 e 12).

Já o apóstolo Paulo, em sua carta aos Coríntios afirma: “Antes de tudo, vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras”. (grifos nossos). (I Coríntios 15:3-4).
O discípulo amado João em sua primeira carta também afirma o mesmo: “Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados”. (grifos nossos). (I João 4:10).
O apóstolo Paulo afirma que “se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação e vã a nossa fé... e ainda permaneceis nos vossos pecados”. (I Cor. 15-14-17).
Jesus Cristo ressuscitou fisicamente, conforme o relato de Lucas 24:36-43 subiu aos céus na qualidade de Deus-homem e iniciou a sua importante obra intercessória como nosso Mediador e Sumo Sacerdote e como nosso Advogado junto à Deus Pai. (Hebreus 8: 1 e 2).
Philip Schaff, um renomado teólogo sistemático, escreveu que “a ressurreição de Cristo é enfaticamente uma questão-teste da qual depende a genuinidade ou a falsidade da religião cristã. Ela é o maior milagre ou o maior engano registrado pela História” [1]
Da mesma forma, Wilbur Smith comentou: “A ressurreição de Cristo é a própria cidadela da fé cristã. Esta é a doutrina que subverteu o mundo no primeiro século, que ergueu o cristianismo acima do judaísmo e das religiões pagãs do mundo mediterrâneo. Assim sendo, dela depende praticamente tudo aquilo que é vital e singular no Evangelho do Senhor Jesus Cristo: ‘Se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé’ (I Cor. 15:17). [2]
De acordo com o pensamento de Agostinho e em conformidade com Orígines, teólogo de Alexandria, Cristo pagou o resgate para nos redimir de Satanás, em cujo reino se encontrava todas as pessoas, devido ao pecado. Sabemos que Satanás é o rei desse mundo. Aquele que não é de Cristo, é de Satanás, porque ele comanda este mundo tenebroso, cheio de pecados.
Deus amou o mundo de tal maneira, pela sua misericórdia e graça deu o seu Filho Unigênito para resgatar a humanidade do pecado e morrer pelos nossos pecados. Podemos assim dizer, portanto, que a cruz é uma demonstração tanto da misericórdia quanto da justiça de Deus. Jesus não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos. (Mateus 20:28).
Diante o exposto, este é o ponto de vista que defendemos. O resto são especulações humanas, baseadas em teorias filosóficas humanas. Defendemos, portanto, o ponto de vista da Palavra de Deus, onde a mesma é enfática ao afirmar que Jesus Cristo morreu pelos nossos pecados e não por causa dos nossos pecados, ressuscitou literalmente, fisicamente e não simbolicamente, como alguns querem interpretar.
[1] Phillip Schaff, History of the Christian Church - Grand Rapids, MI: Wm. B. Eerdmans, 1962, vol. 1, p. 173.

[2] Willbur M. Smith, “Twentieth-Century Scientists and Resurrection of Christ”, Christianity Today, 15 de abril de 1957, p. 22.

Divindade e Humanidade de Jesus: entre a opção clássica e a opção hermenêutica

Conforme afirmamos no texto anterior, optamos pela concepção clássica da teologia. Neste aspecto, optamos pela concepção da divindade e humanidade de Jesus, através da união das duas naturezas.
Jesus era tanto divino, quanto humano. Ele não se tornou divino somente a partir de Seu nascimento virginal, mas na eternidade.
Jesus assumiu a forma de servo, a forma humana, mas nem por isso deixou a sua divindade. Ele foi profetizado como o Messias vindouro e no tempo certo e determinado de Deus cumpriu com o seu propósito e ministério.
Jesus é verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem. Ele possui diversos atributos:
a) Onipotência (Mateus 28:18; João 17:2);
b) Onisciência (Colossenses 2:3);
c) Onipresença (Mateus 28:20);
d) Imutabilidade (Hebreus 13:8);
e) Existência própria (João 5:26);
f) Vida original, não-emprestada e não derivada (João 11:25);
g) Santidade (Lucas 1:35; Marcos 1:24);
h) Amor (I João 3:16)
i) Eternidade (Isaías 9:6)

Além dos atributos divinos acima, Jesus possuía poderes e prerrogativas divinas, nomes divinos, foi reconhecido como divino pelos apóstolos, testemunhou ser igual a Deus e é adorado como Deus.
Ao mesmo tempo, Jesus foi verdadeiramente homem, pois nasceu de mulher, cresceu como homem, desenvolveu-se como homem e possuía características humanas. Foi enviado “em semelhança de carne pecaminosa”, porém, não pecou. É considerado como o segundo Adão, mas com um diferencial, não propenso ao pecado.
Jesus veio a este mundo, tornou-se homem, viveu como um de nós passou pelas mesmas aflições que passamos. Por isso Ele é o nosso intercessor, o nosso Sumo Sacerdote, que intercede junto ao Pai.
Apesar de Deus ter usado o ser humano para transmitir as suas palavras, não significa, porém, que as suas palavras não sejam a realidade das coisas em si mesma.
A Bíblia jamais será de autoria humana. Ela é de autoria divina, escrita em palavras humanas. Dessa forma poderá estar sujeita a falhas, mas com isso, não significa que tudo seja interpretado simbolicamente. Sinceramente, não consigo concordar com a fundamentação hermenêutica moderna. Quando lemos na Palavra de Deus afirmando que Jesus foi concebido pelo Espírito Santo é isso mesmo que a Bíblica está dizendo. Não há como considerar isto como um símbolo. O próprio texto fala por si só. Não existe outra interpretação. Existem textos que devem ser interpretados literalmente e outros simbolicamente, mas quanto à divindade de Jesus, não temos como fugir da interpretação bíblica, pois se trata de uma doutrina básica da fé crista. Na dúvida, prefiro ficar com a literalidade do texto, com relação a divindade e humanidade de Jesus, conforme narrado nas Escrituras Sagradas.

Considerações introdutórias da Teologia da Revelação como pressuposto fundamental para o estudo da Cristologia

No presente texto foi abordada as duas teorias mais conhecidas da Revelação. Uma denominada de Teologia da Revelação Clássica e a outra de Teologia da Revelação a partir da Modernidade.
A Teologia da Revelação Clássica, de acordo com o texto estudado, é pensada em duas características principais: A Revelação Geral e a Revelação Particular ou Específica.
Com base na Revelação Geral Deus se auto-revela ao ser humano, desde a fundação do mundo, através das obras da criação, da história e da personalidade do próprio homem (ERICKSON, 1997 pp. 41-43).
Já na Revelação Particular ou Específica Deus se revela para certas pessoas e em épocas apropriadas, pois o pecado provocou separação entre Deus e Suas criaturas e, para que haja uma reaproximação entre ambos, Deus se auto-revela ao ser humano, fazendo com que o mesmo se reaproxime também Dele.
Deus também se auto-revela através da História, ou seja, Ele se manifestou através de Seu filho Jesus Cristo, o qual se encarnou como homem e morreu pelos nossos pecados.
Neste sentido, optamos por esta linha de raciocínio. Preferimos a concepção Clássica da Revelação, pois as Escrituras Sagradas são claras a respeito da Revelação de Deus através de Seu Filho Jesus Cristo. (Salmos 19:1; Romanos 1:20; Hebreus 1:1 e 2; João 17:3; Efésios 4:21).
Por outro lado, não podemos desprezar a concepção Moderna de Revelação, pois sabemos que a verdade de Deus é um processo contínuo, que ainda continua em andamento diante das novas exigências da pós-modernidade. No entanto, temos o suficiente para a nossa salvação revelada nas Sagradas Escrituras. Porém, existem ainda mistérios que o Senhor ainda irá nos revelar.
Nessa linha de raciocínio, o ser humano passa a ser o sujeito participante do fenômeno revelatório, ou seja, Deus se revela ao ser humano e ele interpreta tal revelação a partir de sua experiência de fé, baseado na sua visão cultural de mundo (social, política e econômica).
Diante disso, podemos deduzir que a Revelação torna-se um encontro de Deus com os seres humanos e uma busca do ser humano a Deus. Nesse processo há um relacionamento contínuo entre Deus e o homem.
Diante das teorias estudadas, a única objeção que temos é com relação à concepção Moderna de Revelação, a qual considera o texto bíblico apenas como literatura religiosa, busca dissecar o texto bíblico, baseados nas ciências exegéticas que pesquisam o texto sagrado, sem levarem em consideração que a Bíblia é a Palavra de Deus, inspirada verbalmente pelo próprio Deus. Com isso coloca em cheque a veracidade das Escrituras classificando-a como um livro cheio de mitos e lendas e não como ela é em si mesma, a verdade plena revelada pelo Senhor aos seus servos.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Teologia

Teologia (do grego θεóς, transl. theos = "Deus" + λóγος, logos = "palavra", por extensão, "estudo"), no sentido literal, é o estudo sobre Deus. Como toda ciência, tem um objeto de estudo: Deus. Como não é possível estudar diretamente um objeto que não vemos e não tocamos, estuda-se Deus a partir da sua revelação, ou, em termos seculares, conforme suas representações nas variadas culturas.

Evolução do termo
No cristianismo, isso se dá a partir da revelação de Deus na Bíblia. O teólogo suíço Karl Barth definiu a Teologia como um "falar a partir de Deus". O termo Teologia foi usado pela primeira vez por Platão, no diálogo A República, para referir-se à compreensão da natureza divina de forma racional, em oposição à compreensão literária própria da poesia, tal como era conduzida pelos seus conterrâneos. Mais tarde, Aristóteles empregou o termo em numerosas ocasiões, com dois significados:
Teologia como o ramo fundamental da ciência filosófica, também chamada filosofia primeira ou ciência dos primeiros princípios, mais tarde chamada de Metafísica por seus seguidores;
Teologia como denominação do pensamento mitológico imediadamente anterior à Filosofia, com uma conotação pejorativa, e sobretudo utilizado para referir-se aos pensadores antigos não-filósofos (como Hesíodo e Ferécides de Siro).
Santo Agostinho tomou o conceito Teologia Natural da obra Antiquitates rerum humanarum et divinarum, de M. Terêncio Varrão, como única teologia verdadeira dentre as três apresentadas por Varrão: a mítica, a política e a natural. Acima desta, situou a Teologia Sobrenatural (theologia supernaturalis), baseada nos dados da revelação e, portanto, considerada superior. A Teologia Sobrenatural, situada fora do campo de ação da Filosofia, não estava subordinada, mas sim acima da última, considerada como uma serva (ancilla theologiae) que ajudaria a primeira na compreensão de Deus.
Teodicéia, termo empregado atualmente como sinônimo de Teologia Natural, foi criado no século XVIII por Leibniz, como título de uma de suas obras (chamada Ensaio de Teodicéia. Sobre a bondade de Deus, a liberdade do ser humano e a origem do mal), embora Leibniz utilize tal termo para referir-se a qualquer investigação cujo fim seja explicar a existência do mal e justificar a bondade de Deus.
Na tradição cristã (de matriz agostiniana), a Teologia é organizada segundo os dados da revelação e da experiência humana. Esses dados são organizados no que se conhece como Teologia Sistemática ou Teologia Dogmática.
A Teologia é fortemente influenciada pelas mais diversas religiões e, portanto, existe a Teologia Budista, a Teologia Islâmica, a Teologia Católica, a Teologia Mórmon, a Teologia Evangélica ou Pentescostal, a Teologia Hindu e outras.

Ver também:
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